quarta-feira, 31 de julho de 2013

Aiv Liz

Não vá pensar que não percebi
Eu via a forma de você me olhar
Uma suplica sempre esteve ali
Mas eu nada tinha para te dar

Que fiz para merecer este amor
Jamais mergulhei no seu olhar
Eu nunca atendi a este clamor
Que tu teimava em me dedicar

Por quatro anos convivemos
Nas mesmas salas a estudar
Mas de amor jamais falamos
Eu nada tinha a lhe dedicar

Beleza é que não te faltava
Pela simpatia eras permeada
Mas meu coração nada falava
E a vida me deu outra estrada



.

domingo, 28 de julho de 2013

O Peso


Entre idas e vindas
Com nascimentos e mortes
A sina de muitas vidas
Um rosário de muitas sortes

O pesar de muitas perdas
O fardo de muitos favores
Pela cruz que tu herdas
Pelos perdidos amores

O mundo pesa em minhas costas
Mesmo a liberdade tem seu peso
A sociedade apresenta suas custas
Num calculo que é sempre obeso

O martírio tem seu preço
A paz advém da conquista
É sempre caro o recomeço
Até a morte está nesta lista

Somente a fé vem de graça
Com ela é paga a esperança
Que gera a força necessária
Para viver nessa luta diária



.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Balanço

Lembrei-me de quando era criança
Alegre em meu balanço na aroeira
Vivia a vida numa eterna brincadeira
Sem distinguir espera de esperança

Ontem a desilusão ficou tão tamanha
Que deu saudades de meu eu criança
Queria poder de novo fazer manha
Mas para isso a vida não dá confiança

Caí no posso mais profundo
Onde cavei ainda mais fundo
Na escuridão perdi a razão
E também o medo da extinção

Na aroeira de tantas alegrias
Resolvi por fim ao meu sofrimento
Bastou uma corda e um bom momento
Matei as tristezas onde vivi euforias

Pensei que o balanço não mais existia
Mas agora estou nele e com alegria
E aquele eu triste está ali ao lado
Pelo pescoço ele está pendurado



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Fogo Fátuo

Sinto o vazio me levar
Sem pressa ou demora
Um constante vagar
Pelo mundo afora

Sem nada para segurar
Sem ter no que agarrar
Uma inércia sem rumo
Um risco que assumo

A dor gerou desapego
A saudade trouxe inação
O sofrimento é cego
O ódio tira a razão

A jornada parece não ter fim
E muito menos um propósito
A solidão aconchega em mim
A tristeza me faz de depósito

Uma alma à deriva
Uma mente no vácuo
Sem qualquer alternativa
Perecendo com fogo fátuo


 . 

domingo, 14 de julho de 2013

Condenação

Vejo a mentira em teus olhos
Tem cheiro de sangue no ar
Onde estão todos os outros?
Deles você deveria cuidar

Não honraste tua palavra
Deixaste o inimigo adentrar
Abandonaste a tua lavra
Sua lamina a enferrujar

Profanaste a tua terra
Por medo e egoísmo
O inocente agora berra
Por não teres altruísmo

Em que momento tu perderas a fé?
Onde está o amor que sentias pelos teus?
Escondestes na batalha em meio à ralé
Mas não podes fugir dos olhos de Deus

O sangue inocente maculou a terra
O progresso estará perdido por eras
O ódio agora por tudo se encerra
E a vingança gerará muitas feras

Longa será a caminhada até o perdão
Jamais será possível uma reparação
A paz que vier sentir será apenas ilusão
Tudo será castigo por não cumprir sua missão.

  

.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um Ponto de Vista

Vejo essa gente pequena
Sombrias, sujas e sem hora
Sempre a esperar na esquina
Aquilo que as levam embora

E na espera trocam mesquinharias
Permutam ignorâncias mutuas
Revelam o vazio de suas agonias
Aos berros no cruzamento das ruas

A sujeira no entorno se acumula
O cheiro é acido as narinas que passam
Por isso ali quase ninguém circula
Um sargaço humano que poucos atravessam

Torresmos falsos com guaraná
Filmes gravados em qualquer lugar
Ninguém que veio do Paraná
Uma poça d’água para tudo sujar

O almejado chega
Apenas um reflexo daqueles que esperam
Amaldiçoado seja
Espirrando água naqueles que ali esperam

Alguns sobem
Outros descem
Mas parece que nada mudou
Igual a quem foi é quem ficou


.

domingo, 7 de julho de 2013

Ilusão de Eterno

Vejo um mar de tumbas caiadas
Onde milhares de sonhos jazem
Seres que tinham as horas contadas
Mas iludiam-se como todos fazem

Por que o homem concebeu a eternidade?
Donde vem essa ilusão tão doce?
Que transforma a vida em temeridade
Que taxa a velha amiga de precoce

O amanhã é o ouro dos tolos
De ontem só restou sequelas
Agora temos belas aquarelas
Então não cultive desconsolos

O ar que sentes é prova de vida
Não as ilusões que a mente cria
Respire fundo e abrace ao dia
Realize o que te propõe à lida

Viva como se o sono fosse a morte
Acorde como quem acaba de renascer
Não deixe nada por conta da sorte
Não espere pelo que talvez não vá nascer


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ébrio de Paixão


Ébrio eu estou agora
Pela sua pele cremosa
Respirando com demora
Em cada curva formosa

Onde é meu começo?
Onde você termina?
Eu apenas permaneço
Aonde você determina

Foge-me do tempo à noção
Perco do espaço a razão
Sem distinguir real de ilusão
Apenas toque e emoção

Pegue-me
Possua o que já é teu
O amor foi quem te deu
Ele está no leme

Beije minha boca
Como fruta madura
Molhada e loca
Pela sua doçura

Ata-me em teus abraços
Transforme pernas em laços
Amantes alveolados
Desejos inflamados



.