domingo, 29 de novembro de 2015

Corrompidos

Eu vejo seres petulantes
Orgulhosos de seus vícios
Exibindo olhares triunfantes
Impondo aos irmãos suplícios
 
Por seus segredos corrompidos
Jamais sentem o próprio fedor
Pela ganância são impelidos
Provocando ainda mais terror

A moralidade foi distorcida
A complacência, incentivada
A consciência está adormecida
Pautam-se numa ética depravada

A morte sempre lhes ronda as vidas
Tal e qual uma negra ave de rapina
Colhendo as almas por eles feridas
Terminando em ódio toda essa sina



terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Torre


Eu sinto o cheiro do vento norte
Anunciando grande tempestade
Ele vem carregando dor e morte
Sem um único pingo de piedade

A roda da vida gira veloz
A mudança será profunda
Gerando sofrimento atroz
Um só destino feito rotunda

Não haverá clemência
Não haverá compaixão
Resgate e consciência
Cada dívida é uma lição

Em meio a tantos pecadores
Também cobrarão os inocentes
Coalhados entre os sofredores
Haverá vingadores indecentes






domingo, 22 de novembro de 2015

Sobrevida

A vida por um fio
No fio da navalha
O tempo é desafio
O erro é a fornalha

Uma luta sem sentido
Um destino ignorado
Um mundo ressentido
O sistema ameaçado

Com o sangue dos irmãos
Escorrendo entre as mãos
Pelo ódio cultivado
O caos é calculado

A revolução plantada
Terá que ser colhida
A história será contada
Por quem tiver sobrevida




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Alma Carcomida

Não serei eu a dizer a verdade
Não serei eu a apontar os erros
Já me cansei desta tua vaidade
Já não suporto teus tolos aferros


Perdidos foram todos os apreços
Esquecidas estão nossas alegrias
Não serei vítima de teus apressos
Não engolirei mais as tuas ironias

Os acertos não compensam as dores
Os sorrisos não suplantam as lágrimas
No passado ficaram todos os amores
Hoje já não cicatrizam mais as lástimas

Parto agora sem ter noção de destino
Deixo estas palavras como despedida
Talvez tu penses que seja só desatino
Mas é o basta de minh’alma carcomida


domingo, 15 de novembro de 2015

Mar de Lama



Ela escorre como uma vil assassina
Pelos vãos dos dedos da ganância
Provocando um rastro de carnificina
Transformando o belo em repugnância

O festim da morte é extenso
Com a sede e a fome ela dança
Contrariando todo o bom senso
Trocam a justiça pela vingança

O rio já não faz mais jus ao seu nome
Pois de suas águas lhe roubaram o doce
O futuro é uma dúvida que nos consome
Todos os frutos de uma cobiça feroce

Uma grande Vale de ganância
O que já foi orgulho hoje nos fere
Um grande poço de ignorância
No mar de lama nada nos difere



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Jornada Inglória



Percorri os mares para te encontrar
Sem esperar nada em porto algum
Tendo apenas esperança a me guiar
Sem me importar com o incomum

Mas nada eu obtive de você
Penso que fora tragada pelo mundo
Ou que se esconde sem um porquê
Em algum perdido lugar profundo

Olho inquisitivo para a lua cheia
E ela afirma não poder mais te ver
E mesmo o vento que tudo permeia
Nunca mais conseguiu te perceber

Até mesmo a morte eu questionei
Mas ela jura que ainda não te levou
Já não sei mais para onde irei
Para reaver o coração que me roubou


domingo, 8 de novembro de 2015

Atirador de Elite

O tempo ruge
Ressurge
Acima
Embaixo
Abaixo
Encima
A mira ensina
A sina assassina
E contamina
Com sangue
A menina
A gangue
Inocência perdida
Incoerência esculpida
Violência sem razão
Justiça sem visão
Cobiça e persuasão
Sem emoção
Sem motivo
Apenas instrução
Objeto e objetivo
Alvo e missão



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sem Resposta




Perguntei à Lua Nova refletida no oceano
Onde estaria meu verdadeiro amor
Por que continuo só com tanta dor
Quase às vésperas de mais um final de ano

Ouvi apenas o ronronar das ondas
Na companhia do sussurro dos ventos
Tão indiferentes aos meus tormentos
Com a solidão me fazendo rondas

Perguntei então para as estrelas
Onde estaria meu amor verdadeiro
Que curaria meu coração por inteiro
Livrando-me de todas as mazelas

Mas elas apenas cintilaram
Fazendo-me sentir a frieza do espaço
Deixando a minha alma em cansaço
E os anos de solidão me pesaram




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Indústria da Guerra

Ferido o peito o sangue escorre
Entretanto a morte não te ocorre
Segues na luta privado de emoção
Pois paralisado está teu coração
 
O objetivo há muito está esquecido
E o motivo no passado foi perdido
A guerra é apenas uma obrigação
Uma torpe rotina de autoflagelação

A vitória tornou-se um sonho distante
Sendo a paz mera utopia navegante
Um acordo virou o ato mais temerário
Com o capital impondo seu corolário

O teu nome fora trocado por patente
Existindo numa estatística demente
Ocultando para sempre a real razão
Mesmo ela estando sob a tua visão