Degredo

Por entre dimensões ela vaga perdida

Ruminando os velhos arrependimentos

Revivendo todos os constrangimentos

Sem perceber que já abandonou a vida

Tornou-se presa das próprias ilusões

Flagelando-se sem a menor piedade

Não encarando erros com sinceridade

Num ciclo vicioso de comiserações

Não pode ouvir aqueles que a amam

Sequer nota os perigos à sua volta

Divagando em sua própria revolta

Enquanto as estrelas vão e voltam

E assim ela passa por muitas eras

Num sofrimento totalmente em vão

Perdendo suas formas e o coração

Cada vez mais longe das Esferas

Lei da Atração

No próprio eixo a velha mãe trepida

Vendo certos seres daquela vastidão

Que foram atraídos em sua direção

Pelo ódio no qual ela está embebida

Farão como os velhos conquistadores

Desprovidos de ética e de caridade

E impondo-se apenas pela vaidade

Reviverão o maior de nossos horrores

Encontrarão seus fins os filhos de Eva?

Já que totalmente perdidos eles estão

Em disputas por ouro, poder e religião

Quase transformando seu lar em caíva

Entre a intenção e o ato tem a Providência

Que pode bloquear todo esse sofrimento

Transformando ideia em constrangimento

Pois infinita e onipotente é a Sua ciência

O Bom Combate

Fora gestada uma grande besta

No ninho de velhos gananciosos

Que posam de santos auspiciosos

E agora sobre todos ela se infesta

Pois seu controle eles perderam

E estão sofrendo na própria pele

A dor do veneno que ela expele

Junto às vítimas que elegeram

Um tormento que vem do passado

Recoberto com sangue inocente

E cinzas do horror incandescente

Que jamais deveria ter retornado

Lembrem-se das Palavras Sagradas

“Não vim trazer a paz, mas a espada”

Então a boa luta terá que ser travada

Para nossas vidas serem preservadas

Espinhos Ferinos

Caminhando por entre meus sonhos inacabados

Nessa tortuosa trilha cheia de destinos incertos

Ladeada de espinhos de desejos não realizados

Que o meu sangue bebem pelos cortes abertos

Já não sinto mais as dores das minhas perdas

Já não busco mais o sentido para essa vivência

Apenas sigo o caminho com passadas lerdas

E apenas reajo defronte de alguma eloqüência

Vejo as estrelas que desabam no horizonte

Vejo a escuridão conquistando o firmamento

Todos os anjos já sucumbiram neste fronte

Todos os demônios estão no enfrentamento

Apenas sigo o caminho com lerdas passadas

Nessa tortuosa trilha cheia de incertos destinos

Minha vida escorre por minhas mãos cansadas

Nutrindo os espinhos desses desejos tão ferinos

Faces do Sofrimento

Vejo um sonho sendo perdido

Vítima da ganância de poucos

E da indiferença de uns outros

Dentro de um sistema já falido

Vejo um Elemental assassinado

Com os filhos sofrendo em torno

Em meio ao descaso e abandono

E ninguém por isso será julgado

Vejo a vida sendo desvalorizada

Sendo os jovens os mais vitimados

Pelos desgovernos abandonados

Deixando a morte tão banalizada

Vejo os frutos da ganância

Sorvendo de um tudo do povo

Repetindo todo o ciclo de novo

Sem um que lhes corte a ânsia

Eu Apenas Minto

Queria eu dizer não ser só teu amigo

Queria poder saborear o tempo contigo

Olhar estrelas em busca de inspiração

Sentir a brisa para acalmar o coração

 

Queria apenas ao teu lado estar

Poder dividir contigo o mesmo ar

Converter em meu lar o teu coração

Fazer do teu respirar a minha oração

Queria poder sentir tua pele tão cremosa

Percorrendo toda tua curvatura formosa

Perceber por dentro de ti a tua pulsação

Ritmando com a tua a minha respiração

Queria apenas dizer-te o quanto te amo

E poder ouvir de ti o mesmo que clamo

Achar em teus olhos o mesmo que sinto

Mas pela força do medo eu apenas minto

Nação dos Horrores

A balança hoje é apenas uma falácia

A espada é cega e a visão está afiada

Segue a bela dama sendo maltratada

Sugam sangue do povo com audácia

A verdade está sobre uma mordaça

Tramas de sedosos fios de ilusões

Regadas por décadas com corrupções

Mudando a aparência da cachaça

As santas palavras são retorcidas

Pelos que são ungidos no ouro

E nos pleitos alcançam o louro

Más crias de boas fés distorcidas

Sofrem os “espertos” e choram os “idiotas”

Sem notarem que são o mesmo corpo

E que muito em breve irá estar morto

Neste sofrimento não verão as derrotas

Falácias

Não vejo mais o sentido do mundo

Não sei mais o que esperar amanhã

Vejo apenas um poço sem fundo

Vejo tolos num desnecessário afã

O sabor foi trocado pela ganância

A necessidade deu lugar ao desejo

Status virou sinônimo de arrogância

E a vida um mero quarto de despejo

Todos querem mesmo sem poder

Todos fazem mesmo sendo errado

Querem apenas ao sonho atender

Sonho falso que lhes fora imputado

A esperança está mais que perdida

A salvação foi totalmente renegada

A consciência humana está falida

A verdade está totalmente mascarada

Vôo Livre

Queria eu pelo céu poder livremente voar

Livre até de me preocupar com o destino

Por entre as nuvens levemente caminhar

Leve como qualquer pássaro peregrino

Sem ter horas ou motivos para retornar

Pondo os pés no chão apenas se faminto

Tendo só a imensidão azul a me abraçar

Desbravando o mundo com meu instinto

Nas ondas de choque dos trovões surfar

Usando os raios para iluminar o caminho

E em cada tempestade eu iria cavalgar

Para com o vento desvendar o torvelinho

Queria eu pelo céu levemente caminhar

Leve até para desafiar o vento do destino

Por entre nuvens poder livremente voar

Livre como qualquer pássaro peregrino