sábado, 19 de setembro de 2020

SERÁ...

 


Será que algum dia iremos entender

Será que um dia poderemos perceber

Sentiremos a dor que hoje está condita

Enxergaremos a fobia agora suprimida

 

Poderíamos ter fechado as portas

Ter deixado o vírus ao relento

Ele morreria à míngua no isolamento

E não teria ceifado vidas em hordas

 

Mas apenas os desprovidos estão morrendo

Aqueles que os que tem voz, não enxergam

Em seus lugares de fala estão se escondendo

Falando sobre o “novo normal” se embriagam

 

Enquanto o ser que tem a pecha de ditador aloprado

Usando a democracia reordena como quer o mundo

Deixando todo nosso povo em um poço profundo

De teocracia insana e fascismo pulverizado

 

Será que um dia poderemos perceber

Será que algum dia iremos entender

Que o vírus era só uma peça no jogo político

Que a luta de classes gera o pensamento crítico


sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Sem Adeus no Fim




Feito neve que não derrete por completo
Por seguir entre sombras escondida
Eu carrego esse sentimento irrequieto
Que não morreu com a tua partida

Com quais palavras poderei encerrar esse amor?

Tudo o que tu eras perdeu o amanhã
E segues agora vagando na eternidade
És minha fonte infinita de saudade
Que não deixa o sol nascer pela manhã

De que maneira poderei finalizar essa dor?

Como um feitiço que não se desfez
Ou uma maldição sem antídoto
Em meu coração a escuridão se fez
Tão fria e pesada quanto um epídoto

Em que futuro irei encontrar a felicidade?

Lágrimas geladas caem de minha face
Que se cristalizam sob esse céu tão frio
Um verter selvagem que finge ser gentil
Amargas sequelas de um desenlace

Em qual lugar eu vou achar a serenidade?

Mesmo que todo o teu ser perca a forma
Tu para sempre vais estar dentro de mim
Enquanto sigo sem rumo e sem norma
Pois me impediste de dizer adeus no fim

domingo, 30 de setembro de 2018

Elegendo Rejeitos


Disposto à sua frente só aparece o que não está querendo
Dedos em riste tentando provar quem é o menos pior
E a audiência não sabe o que é para si o melhor
Entorpecidos entre favores e verbas vão sobrevivendo
Enquanto no macro a máquina os vai moendo

Não param para ver quem é que está lucrando
Já não sabem a diferença entre maldade e descaso
Parar para pensar já não vem mais ao caso
Seguem ilusões que eles mesmos vão criando
E a nação trilha em passos largos para o ocaso

A Juventude já atravessou as perdições
E em silêncio encalhou na desesperança
Aguarda meteoros ou anjos da vingança
Ouvindo músicas que carecem de emoções
Regadas a drogas, sexo e matança

 A religião não redime, somente explora
A fé não tem valor onde o perdão tem preço
E onde a salvação virou sinônimo de sucesso
Os pastores são ouvidos, mas Deus nada declara
No lugar do rebanho tem apenas a manada

E a manada engorda a massa de manobra
Disposto à sua frente só aparece o que não está querendo
Dedos em riste tentando provar quem está vencendo
Mas o conluio entre todos é sua oculta grande obra
E eles seguem moendo a massa de manobra

sábado, 18 de agosto de 2018

Saudades de Ontem



Vejo dias sombrios
Onde o ontem foi melhor que hoje
Onde a saudade é maior que a tristeza
Onde a vida perdeu a sua beleza
Onde a escuridão sofre metagoge

Por que o passado é melhor que o presente?
Por que o futuro se fez de ausente?
O martírio não trouxe a salvação
O arrependimento não gerou remissão

Queria eu voltar para o ontem
Dias em que tudo tinha conserto
Dias de inocência e esperança
Dias de um mundo ainda criança
Dias em que o honesto era certo

Mas a ética morreu antes dos biomas
E a coragem caiu antes das estrelas
Hoje o mundo é dos espertos
E todos os destinos são incertos


sexta-feira, 23 de março de 2018

“Políticos”



Uma visão distorcida traz um ideal de realeza
Uma que diz: "Nada mais importa!"
Pureza sem limitações é a verdadeira beleza
Irracionalidade sem comporta

“Se retirarmos todas nossas internas restrições
Viveremos grandes momentos de satisfações”

Pouco importam as conseqüências
Um destino pervertido de prazer
Entre tudo ou nada só aparências
Apostam a alma entre viver e morrer
Inocentes dançam nas incoerências
Às vezes com dor, noutras com prazer

Os infernos na pele acabarão sentindo
Desviando e roubando
Enganando e perseguindo
Matando e revelando

Instintivamente desejam pensamentos sedentos
Uns que dizem: "O que importa é o agora!"
No momento em que queimam e desaparecem se acham tão bonitos
Zombam da racionalidade na aurora
Rasgando as vestes costuradas com a razão
Tocando-se com desejos loucos e paixão

A paz é sem sentido e o caos é a verdadeira liberdade
Um punhal que até a própria carne penetra
Vivendo ou morrendo descartam a pele da sanidade
Mostrando a cor de suas almas canhestras
Juntando-se uns aos outros com dor e virilidade

Os infernos na pele acabarão sentindo
Desviando e roubando
Enganando e perseguindo
Matando e revelando

“Por fim, caindo no fundo e lutando de verdade
Podemos encontrar a luxúria que realmente desejamos! ”

Pouco importam as conseqüências
Um destino pervertido de prazer
Entre tudo ou nada só aparências
Apostam a alma entre viver e morrer
Inocentes dançam nas incoerências
Às vezes com dor, noutras com prazer

Os infernos na pele acabarão sentindo
Desviando e roubando
Enganando e perseguindo
Matando e revelando



terça-feira, 10 de outubro de 2017

Canário



Eu apenas bato as minhas asas!

Estou sempre cantando, dormindo ou acordado
Minha existência é igual a de um canário
Pelos meus reluzentes e doces ideais, enclausurado
Ninguém pode sequer me tocar neste cenário
Sigo sempre cantando, sóbrio ou embriagado

Eu apenas bato as minhas asas!

Onde eu durmo no meio deste doce mel
Tudo que eu preciso é cantar
Apenas este é o meu único papel
Então deixe-me apenas aqui ficar
Idéias em grades compõem o meu dossel

Eu apenas bato as minhas asas!

Tudo que eu preciso é gritar
Só isso me deixa invencível
Então apenas me deixe cantar
Por favor não abra minha gaiola invisível
Deixe-me preso neste doce sonhar

Eu apenas bato as minhas asas

Eu começo a cair… de cabeça
Por ondas de realidade e ilusão eu sou levado
Fazendo com que meu dossel desapareça
Num misto de amor e ódio eu sou tragado
Mas abrirei minha boca antes que eu enlouqueça

Eu apenas bato as minhas asas

Mesmo que eu não tenha asas, ainda posso cantar
Indo para longe… bem longe...sem uma parada
Não há mais o que possa me assustar
Já não me importo se me deixaram sem mais nada
Eu sou um canário e por isso vou cantar



quinta-feira, 29 de junho de 2017

Despir

Dispo-me hoje de minhas mazelas

Dispondo de todos os maus desejos

Meu ego déspota se fez em quirelas

No despertar de sonhos andejos



Despindo-me hoje de meu antigo eu

Despeço-me de todos meus pecados

Que dispersaram sonhos inacabados

Despertando o mal que em si nasceu


Também me despirei de minhas dúvidas

Que despertaram em mim a inação

Dispersando em meu torno a inanição

Dispondo a morte em todas as vidas


Tenho que me despir de minhas ambições

Para despedaçar essas tolas ilusões

Que disparam dores em meu coração

E assim despedir-me-ei desta solidão