segunda-feira, 28 de abril de 2014

Os Sinos de Nagasaki

A luz forjou um branco profundo
Como a explosão de uma estrela
Transformando todo o meu mundo
Exceto os sinos da Santa Capela
Em sombras e cinzas no chão imundo

Milhares de almas deixaram a vida
Sem nada sentirem na partida
E nós ficamos sem despedida
Com a morte no ar escondida
Irradiando reencontros em outra vida

Nada mais crescerá aqui
Foi o que os algozes disseram
Olhando o horror que fizeram
Com medo por estarem ali
Numa frieza que nunca esqueci

Nós perdemos a guerra
Mas a natureza vive em batalha
E a vida novamente germinara
Trazendo trigo e flores à mortalha
Desafiando a ciência que o homem criara

E fora reerguida a Santa Capela
E os sinos foram devolvidos a ela
Pela força dos que sobreviveram
Entre as dores de tudo que perderam
Mas nada será mais como era 


Poema baseado na obra de Paulo Nagai – Os Sinos de Nagasaki.

domingo, 27 de abril de 2014

Algumas Vezes


Algumas vezes apenas sorrimos
Em outras nós apenas choramos
E na maioria delas não atinamos o porquê


Algumas vezes nos sentimos muito bem
Em outras não queremos ver ninguém
Mas sempre nos apegamos ao melhor que tivemos

Algumas vezes nos sentimos perdidos
Noutras nos sentimos cheios de medos
São momentos de fraquezas e desesperos

Às vezes nos sentimos totalmente livres
Que a sorte deu seus melhores timbres
Não importa o que digam, tudo está sempre zen

Algumas vezes estamos certos
Algumas vezes somos tão reais
Algumas vezes nos sentimos bem 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Venga Conmigo

Yo quiero apenas cuidarte
Sentirte caliente en mis brazos
Yo quiero apenas amarte
Sentirte flotando en mis abrazos

Hagas las maletas y venga
Déjame protegerte de todo
Olvide de los males y venga
Déjame mostrarte mi mundo

Yo prometo hacerte feliz
Calentarte en las noches frías
Y si el cielo estuviere gris
Pasáremos el día con caricias

Yo quiero dormir con su sudor
Y despertarte con mis besos
Extraerte sonrisas sin pudor
Y satisfacer todos sus deseos

Yo quiero secar tus lágrimas
Aún antes de que ellas caigan
Y librarte de tus lástimas
Para que ellas no te abruman

Entonces vengas
Vengas que voy hacerte feliz
Entonces vengas
Y el cielo ya no será gris



terça-feira, 15 de abril de 2014

Escolhas


Anos e anos vagando na penumbra
Mergulhados em dias sem sonhos
Quando então uma luz se vislumbra
A esperança de dias mais risonhos
Mas a luz gerou muitas trevas
Que abrigaram corações medonhos
Más vontades escondidas por eras
Que se deleitavam nos anos tristonhos

Começou então uma silenciosa guerra
Apenas com atos escusos e ocultos
Visando eliminar esta nova era
Propagando velhas dores e prantos
Impondo uma subserviência megera
Um engodo de liberdade para tontos

Não escutem as palavras amargas
Concentrem-se no pão destes dias
Em tudo aquilo que agora afagas
Nos sonhos que saíram das letargias
No bem estar que hoje propagas
Realizações que lhes trazem alegrias

O bom progresso vem debaixo para cima
Enquanto a vilania impõe-se do alto para baixo
Confiem em quem lhes deram auto-estima
Não naqueles que lhes querem como capacho



domingo, 13 de abril de 2014

Ego em Fênix

Pensava que era um destino especial
Mas chegou apenas em um ponto final
Realidade e sonho não se encontraram
Desejo e determinação se queimaram
Cinzas finas como a poeira de átomos
Vagando perdidas por celestes domos

Estas formas simples ainda pulsam
Apesar de uma conclusão mal feita
Força de vontade volátil e rarefeita
Perdão ou desculpa não precisam
Logica ou razão não as justificam
Pois as respostas que elas anseiam
Somente alma e coração permeiam

Vagarão feito fantasmas ao vento
Até que surja um novo intento
Aglutinando-as sob novas formas
Contrárias ao mundo e suas normas
Um novo destino será almejado
Um novo sonho a ser realizado   


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Desencontro


Foram apenas dois relances
Andavas tão depressa
Mal vi os teus nuances
Mas a imagem ficou impressa
De dentro de teu mundo acelerado
Tu me olhaste mas não me viste
Ficou apenas o desejo borrado
Uma vontade que nasceu triste
 

Agora a imaginação corre a mil
Dando-lhe nomes e personalidades
Detalhes com elaboração sutil
Gerando alternativas realidades
Para um encontro que não existiu
Mas que gerou muitas saudades

Lugar e hora errados
Passos que não mais darei
Destinos desencontrados
Desejos que jamais realizarei
Sequer nomes foram trocados
Mil detalhes dos quais nada sei
Reencontrar-te é uma temeridade
Poderia destruir os sonhos que criei
Pois o teu eu da realidade
Pode ser muito diferente do que fantasiei


sábado, 5 de abril de 2014

A Dama das Águas


Lá ela estava entre pétalas
Flutuando em águas cálidas e tranqüilas
Um remanso para torrente
Um delírio para a minha mente
Sua pele cremosa e clara
Cabelos em cachos dourados
Será uma filha de Iara?
Uma habitante do Eldorado?

Lancei-me pelas águas
Num resgate desesperado
Corpo e mente em fráguas
Pelo desejo recém brotado
Chama de paixão a ser queimada
A salvação de minha alma pela solidão torturada

Alívio premente
Sua pele era quente
O hálito ainda a habitava
Belos lábios de uma boca envolvente
Belos sonhos o sorriso demonstrava
Naquela consciência dormente
Em meus braços protegida agora estava


terça-feira, 1 de abril de 2014

Surreal

Ela surgiu ali deitada ao chão
Displicente, largada, morta
Com uma rosa vermelha na mão

Pele, penas e cabelos brancos como leite
Dois poços negros no lugar dos olhos
Donde sangue escorria com cheiro de azeite

Seria um anjo morto em batalha?
Uma fraude muito bem elaborada?
Ou a ausência da fé deu-lhe a mortalha

Nenhum ferimento aparente
E no sangue um poder latente
Flores nasceram onde ele pingou

Não contei nada a ninguém
Cavei-lhe uma cova rasa
Sem direito a cruz ou réquiem

Replantei a grama calmamente
Molhei, mas sem gerar lama
Nenhuma mudança ficou aparente

Em meu coração não achei lamentos
Apenas aridez me deu aquela visão
Enterrei com ela meus sentimentos