domingo, 28 de abril de 2013

Encastelado Coração


Foi como uma onda de choque
Dilacerando a alma e o coração
Então tudo ficou frio ao toque
Perdendo o sentido e a razão

Busquei juntar aos meus estilhaços
Mas as partículas foram-se no vento
O que fui ficou num mar de sargaços
Perdido para sempre atrás no tempo

Só restou-me meu cerne frio
E os pedaços mais pesados
Um material denso e sombrio
O mais abjeto dos legados

Mas era o que me restava
E com ele refis o meu viver
Encastelado agora eu estava
Com medo de voltar a sofrer

Um novo Eu de muralhas frias
Cercando salões de solidão
Um castelo alicerçado em feridas
Rodeado pelo fosso da decepção

Não há ponte levadiça
Nem passagem secreta
Apenas pedra maciça
Que minha alma arquiteta



domingo, 21 de abril de 2013

Escolha a Mudança


Lentamente estão descendo
As cortinas do Velho Mundo
Um novo clamor está ecoando
Em algum lugar bem profundo

Um novo amanhecer começa
Em chamas de azul esperança
E não há nada que o impeça
Em realizar essa mudança

Não se detenha diante da derrota
Abrace suas fraquezas e siga
Sem alternativas além desta rota
Tome sua reza e com fé a diga

Escolha ao que quer proteger
E assista a beleza que há no fim
E não tente jamais se esconder
Pois então ao sal voltará enfim

Encare a mudança de frente
Meça sua força contra ela
Onde falhar ela cortara rente
E a sua evolução virá dela

Então tu viverás por novos ares
E saboreara mais uma nova era
Sem lamentar os velhos lugares
E a saudade será uma quimera

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lembranças & Lágrimas


Onde tu estás agora com teu sorriso
Para onde tu foste com tua alegria
Você não mais está aqui comigo
Eu não vi como você se despedia

A solidão agora é uma nave vazia
Cruzando o espaço que tu ocupavas
O vasto amor que a esperança nutria
Dissolveu-se no vácuo que tu deixaras

Sigo sem rumo por entre estrelas frias
Apenas a escuridão agora me abraça
Saudades do calor de tuas mãos macias
E do doce torpor que não mais me enlaça

Tu não me disseste o que lhe faltava
Tu não me apresentaras queixa alguma
Saístes de minha vida enquanto falava
Amenidades sem importância nenhuma

Eu nunca vivi uma situação tão triste
Meu coração está buscando as razões
Para o fim de um amor que ainda existe
E a mente vaga perdida entre emoções

As lembranças são tão quentes e molhadas
Quanto às lágrimas que me rolam pela face
As primeiras são doces e as demais salgadas
Extremos que a dor percorre em um enlace

domingo, 14 de abril de 2013

Sob a Pele de Cordeiro


Uma ignorância se alastra
Sobre um manto de fé cega
E toda uma nação ela castra
Por força do medo que carrega

Medo de ter a liberdade
Medo de viver a solidão
Medo da responsabilidade
Medo de tomar a decisão

Então tudo a massa delega
Aos que dizem falar por Deus
E ao Verdadeiro ela renega
Sem pensar em si e nos seus

Os charlatães lucram
Em nome do Cristo
E os lúcidos sangram
Por discordar disto

Os mártires virão das minorias
As minorias virarão os mártires
A mais perigosa das teocracias
No Congresso já ocupa lugares

Onde estão os cristãos e os espíritas?
Onde estão os orientais e os africanos?
O que fazem os humanistas e os ateístas?
O que fazem os verdadeiros humanos?

Há nuvens cinza no horizonte
E cheiro de tempestade no ar
Um grande mal se faz presente
Sob a pele de cordeiro no altar


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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Paixão Nefasta


Não faz sentido
Sentir essa dor
Não faz sentido
Viver esse amor

Sofrimento errante
Que dilacera a alma
Paixão sufocante
Que me tira a forma

Uma boca sensual
Em uma mente fria
Uma libido animal
Numa razão sombria

Um jogo por prazer
Um prazer no engodo
Na falta do que fazer
Espalha dor e medo

Um olhar de rapina
Mascarado de ternura
Uma língua ferina
Que mentiras sussurra

Tu és a filha de Lilith
Perdição dos filhos de Eva
O ódio reside em ti
E ao seio da Morte nos leva


domingo, 7 de abril de 2013

Apenas Culpados


Eu vejo a escuridão
Em que o mundo mergulha
Sem fé e nem razão
Uma única bala na agulha

O próximo está morto
E Deus foi abandonado
O Estado está torto
E o cidadão desesperado

Impera a lei do mais forte
A única busca é a satisfação
A justiça não tem mais norte
A milícia está de prontidão

Os valores foram perdidos
A mídia ha muito se vendeu
Torpes estão os sentidos
O sofrimento não convenceu

A pobreza virou desculpa
Para falta de hombridade
E ninguém assume a culpa
Pelos atos de impunidade

Pais preocupados com mais valia
Não constroem mais valores
Um campo fértil para a covardia
Um grande circo de horrores

A morte está banalizada
O sucesso é medido em saldos
A esperança foi fossilizada
A honestidade é para os parvos

Todos querem os direitos
Ninguém quer os deveres
Põe-se a culpa nos eleitos
Mas ela é dos eleitores



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Frio & Escuridão


Alguma coisa se quebrou
Em algum lugar da minha alma
Onde o tempo congelou
E a tristeza lá vive com calma

Abriu um deserto sem fim
Uma escuridão gelada
Sem estrelas ou jardim
Apenas terra desolada

Isolei esse mundo morto
Dentro de minha mente
Buscando algum conforto
E uma alegria aparente

Mas ele cresce lentamente
E derruba minhas barreiras
Uma força teimosa e latente
Que não gosta de fronteiras

Como ilumino esse deserto?
Como aqueço esse rincão?
Antes que engula meu espírito
Antes que pare meu coração

Forças eu já não tenho
Para conter seu progresso
Este hoje é meu maior sonho
Reverter todo esse processo

Será que devo desbravar essa terra?
Será que devo mergulhar nessa escuridão?
Aceitar a dor que há muito ali se enterra?
Destruir de vez o que está quebrado no chão?