domingo, 30 de junho de 2013

Aquele Olhar

Saudade de aquele olhar
Enviesado, feliz e maroto
Saudade que me faz pensar
Se um dia serei feliz de novo

Aquele olhar de entendimento
Solidário ou de arrependimento
Aquele olhar temperado de amor
Que divide a alegria ou a dor

Que saudade daquele olhar
Que dava conforto sem palavras
Saudade que me faz pensar
Quão solitárias são minhas lavras

Aquele olhar de cumplicidade
Sem razão ou menor temeridade
Aquele olhar prenhe de premências
Que mostrava além das aparências

Que saudade daquele olhar
Saudade movida pela carência
Carência que me faz pensar
Que em minha vida há ausência

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Libertação

Até ontem eu estava preso
Numa vida que não escolhi
Meus desejos em desprezo
Pelos outros eu me encolhi

Uma solitária caminhada
Pelas felicidades alheias
Minha alma amordaçada
Enquanto outras teciam teias

Realizando sonhos estranhos
Para agradar falsas paixões
Seres de egoísmos medonhos
Que me davam apenas ilusões

Mas o vazio foi crescendo
Minha alma se rebelando
Meu coração morrendo
E meu tempo passando

Então pela primeira vez
Eu pedi algo por mim
E me olharam com altivez
Desdenhando o meu fim

As ilusões então se esfarelaram
A tristeza mostrou-me a sua face
A verdade meus olhos enxergaram
E meu coração desfez o enlace

Abandonei meus algozes
Seguindo novos caminhos
Aos meus sonhos dei vozes
Sem temer pelos espinhos

Agora tenho as minhas asas
Para alcançar aquele céu
Sem aquelas emoções rasas
Que só me traziam fel



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domingo, 23 de junho de 2013

Um Grito Cego



Vagando cego pelo mundo
Sem noção ou sequer um rumo
Sabendo que algo está sem prumo
Mas o conhecimento não é profundo

A dor é aguda e antiga
A revolta chegou tardia
Desconhece qual mão é amiga
Mas grita com galhardia

A esperança é grande
A razão é pouca
A revolta é louca
O medo se expande

Tal e qual um infante
Reclama seu desconforto
Num pobre vocabulário limitante
Deixando o mundo absorto

Antes vítima na inação
Agora vítima em ação
Numa disputa pelo poder
Que poucos sabem entender

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

11/09/2001

Faltava pouco para o inicio de outono
Um dia fresco, moroso, sem dono
Amigos reunidos à beira mar
Para distrair, ouvir e conversar

Longe da televisão
Desligado o celular
Apenas distração
Nada para preocupar

O sol nos acalentado
O céu tão azul
A brisa refrescando
Abençoado vento sul

Quem poderia imaginar
Do horror a se instalar
Quem poderia saber
Do ódio a florescer

Apenas fumaça no horizonte
Um incêndio em algum lugar
Mas o dia está aconchegante
Nada para preocupar

Assim seguimos sem saber
Sentados naquele lugar
Sem nada para fazer
Apenas alegrias a compartilhar



domingo, 16 de junho de 2013

Pão e Circo

Sempre nos deram o pão
Sempre nos deram o circo
Atrofiando a nossa razão
Paralisando o senso crítico

Mas o pão agora está mofado
E no circo só vemos horrores
Da corrupção esse é o legado
Legitimado pelos eleitores

O coração anseia
A razão clareia
A mudança é bem vinda
A mansidão se finda

Ouvimos o grito da revolta
Semearam a revolução
Escolhas estão a nossa volta
Iremos cultiva-las ou não?

O tempo da indecisão se esvai
Pense em si ou no todo
Para o futuro olhai
Escolhes liberdade ou engodo?

O hoje um dia será história
De arrependimento ou gloria
Entre nação ou gado
Qual será o seu legado?


 .

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sonhos e Preces


Observo-te pelos espelhos
Dormindo em meus braços
Seus lábios tão vermelhos
Pelos beijos entre amassos

Pareces tão dócil e frágil
Amalgama de minha alma
Conquistaste-me tão ágil
Sem ti perco minha calma

Já trocamos tantas promessas
Muitas delas agora esquecidas
Como folhas que são arrastadas
Ao bel sabor dos ventos Bóreas

Eu queria ser como as nuvens
Eu queria ter poderosas asas
Para leva-la até aqueles lumens
Que admiras nas noites escuras

Que teus sonhos sejam doces
Enquanto dormes em meus braços
E que Deus atenda minhas preces
Para fortalecer os nossos laços



domingo, 9 de junho de 2013

Eterno Efêmero

Nada dura para sempre
Por mais belo que seja
Um dia surge o melindre
Sem que ninguém o veja

Seus olhos, mãos e sorrisos
São meus maiores tesouros
Nestes dias tão ensolarados
Plenos de sonhos duradouros

Vivo momentos inesquecíveis
Curtindo a vida da sua maneira
Dias e noites de paixões incríveis
Regadas com vinho madeira

Queria a eternidade agora
Para estar sempre ao teu lado
Ficando os problemas lá fora
E o mal muito bem selado

Mas a tempestade chegará
Desafiando as minhas asas
Que há muito estão cansadas
Então o fim nos encontrará

Mas enquanto essa hora não chega
Enchamos as taças de vinho
Nossos corações de carinho
E seu corpo no meu aconchega

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domingo, 2 de junho de 2013

Epitáfio Maneiro


Imploro a Virgem em meu banheiro
Que ponha um fim em meu tormento
O esqueleto de lagarto anda o dia inteiro
Privando-me do sono lento

As bonecas negras e o crânio fazem troça
De minha cabeça em fragmentos
Uma de minhas orelhas coça
Mas onde elas estão nestes momentos?

A Deusa Indu me aponta seus indicadores direitos
Quinhentas acusações cheias de afundamentos
Buracos criados por meus atos impensados
Que vejo e revejo nos quadros pendurados

O flamingo caça carunchos nas paredes
No ritmo ditado pela minha guitarra
Enquanto o urso abre sua bocarra
Cantando versos sempre rudes

Cravei minha espada klingom na cômoda
Depois de decapitar a boneca nenê
Cogumelos crescem no sangue da coitada
Eles alimentam o pônei maldito rosa bebê

Os dados travam uma batalha
Em lados opostos de minha cama
Com sua boca de fornalha
O Dragão defende a Dama

Ela envasou a minha razão
Dentro do jarro chinês
Espero a morte desde então
Para recuperar a lucidez

A cruz de meu tumulo já me espera
Próxima da porta do banheiro
Só me falta uma poesia sincera
Para compor um epitáfio maneiro

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Caros leitores de Poesias Amadoras.
Este texto foi mais um desafio da comunidade “Caderno de Rascunhos” do Google+: Escrever um texto tendo por base a imagem acima.
Segue abaixo os textos de outros escritores da comunidade.


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Tristeza


Hoje tu me pegaras desprevenido.
Fugiras sorrateira de seu cárcere.
Derrubaras as barreiras que eu havia erguido.
Mas não vou agora lutar contigo.

Corra livre o quanto puder.
Faça-me verter pelos olhos o fogo com que queimas minha alma.
Não tenha pressa, faça com calma.
Hoje ficarei contigo o quanto quiser.
Mostre-me cada mazela que vivi.
Brinque com todas as cicatrizes que meu coração tiver.

Revolva o lodo da memória.
Reviverei contigo cada visita que a Velha Amiga me fez.
Ninguém pode renegar sua própria história.
Tu existes em mim.
Sinal que sua Irmã Felicidade também viveu aqui.
Pois tu só podes habitar onde ela disse que sim.


A chuva foi embora e o céu está azul e límpido.
Olhe para ele através das janelas de minha alma.
Veja donde tiro forças para manter teu poder contido.
Mas não hoje.
Hoje te colocarei no colo dando-me por vencido.

Trouxera a Saudade contigo e a Solidão também.
Não as trate com desdém.
O que seria de ti sem elas?
Deixe que brinquem com meu coração.
Ele é tanto seu quanto delas.

Aproveite este dia de inverno.
Límpido, curto e frio.
A noite logo vem e com ela o sono.
Então darei um basta neste martírio.
Prendendo-te como pássaro, pois sou seu dono.