domingo, 31 de janeiro de 2016

Alma Leve


Seguindo a vida sem pressa
Sem ter hora para chegar
Sem saber se haverá lugar
Apenas a jornada interessa


Bons amigos para acompanhar
Um amor para a alma aquecer
Assistindo juntos ao amanhecer
Apenas com abraços se aninhar


Sem ter medo de envelhecer
Sem esperar a morte chegar
Todas as alturas iremos galgar
Para o mundo todo conhecer


Apenas lembranças vamos carregar
Com a alma leve feito uma criança
Sustentada por fé, amor e esperança
Sem temer pela hora que irá chegar


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Coração em Frangalhos

Apenas assisto ao tempo passar
Sem nada ao mundo acrescentar
Dias e dias de uma muda rotina
Passando pela vida numa surdina

Orando apenas pelo esquecimento
Vou relembrando de cada tormento
Sem colocar nada de novo no lugar
Sem nunca por uma mudança optar

Um eterno caminhar em deserto plano
Um longo medo por qualquer engano
Ter esperança tornou-se algo inadequado
Viver um amor parece de fato indesejado

E o tempo passa diante de meus olhos
Que apenas observa tudo do mundo
Um olhar raso que se parece profundo
Escondendo um coração em frangalhos



domingo, 24 de janeiro de 2016

Amor de Tempos Antigos


Hoje vou arriscar tudo que construí
Evocando um amor de tempos antigos
Pois somente agora eu percebi
Que não podemos ser apenas amigos

Vou deixar de lado a minha natureza
Que nada mais fez que iludir a todos
Revivendo esse amor com delicadeza
Derrubando todos os meus engodos

É melhor ser enganado do que duvidar?
Se é inútil ou não quem decide sou eu
Dizem que o perder é igual ao ganhar
E o que é justiça ainda não se entendeu

Arriscarei minha vida por esse amor antigo
Antes que eu me esqueça do seu calor
Agora percebo o quanto quero estar contigo
O quanto me é valioso esse antigo amor


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Lado Sombrio

Eu hoje olhei em seus olhos
Olhos de um ser raivoso e avesso
Que nestas linhas agora confesso
Prendo em profundos ferrolhos

Ele a todo momento me observa
Sempre preparado e disposto
Esperando o menor contragosto
Para fazer do mundo uma caterva

Queria eu poder extirpá-lo
Retirá-lo para sempre de meu âmago
Mas assim como o meu estômago
É-me vital conservá-lo

Dele provém minha determinação
Subjugá-lo gera a minha coragem
Sempre uma crescente amperagem
Gerando a força em meu coração




domingo, 17 de janeiro de 2016

Manhã de Paz



Observando o navegar das nuvens
Eu senti o cheiro molhado da terra
Por entre galhos repletos de líquens
O sol reaquecia as pedras da serra

A neblina branca encobria todo o vale
Como um manto induzindo ao sono
Envolvendo a sacra torre como um xale
Transparecendo um doce abandono

Apenas o rio estava sussurrando
Palavras antigas há muito perdidas
E os pássaros cantavam voando
Dando à noite suas despedidas

As estrelas minguavam no poente
Dando ao mundo seus últimos lúmens
E o vento como um pastor experiente
Encarregou-se das últimas nuvens



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Perfeccionismo

Procurando palavras corretas
Deixei a vida passar ao largo
Procurando formas discretas
Deixei o mundo mais amargo

Na busca de um par perfeito
Não vi o amor ao meu lado
Concentrado em um defeito
Não notei o cordão perolado

Agora piso nos passos da solidão
Incapaz de enxergar novos caminhos
O silêncio impera em meu coração
Agora ferido por muitos espinhos

E o tempo corre inclemente
Nos reflexos à minha volta
Trazendo a morte latente
Para minha vida tão torta




domingo, 10 de janeiro de 2016

Replicants' Replays


Vejo velhos erros novamente cometidos
Vejo velhos anseios sendo esquecidos
Como se o futuro regurgitasse o passado
Como se o mundo jamais tivesse mudado

Preferem saudosismos no lugar de esperanças
Parecem almas velhas em corpos de crianças
Pelo medo do novo apegam-se ao carrasco
Pelo falso conforto promovem todo um fiasco

Seguem acreditando em seus velhos algozes
Seguem nutrindo antigas camarilhas ferozes
Não percebem que a real mudança vem de dentro
Não entendem que a revolução é nosso epicentro

E seguem morrendo pelas próprias bocas
Seguem trôpegos nestas cegueiras locas
Que são promovidas por seus próprios medos
Que os fazem vítimas de seus próprios enredos



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Estrela do Alvorecer

De manhã até a noite tu anseias por amor
Então tornei-me uma estrela para te proteger
E sem saber o quanto posso suportar de dor
Sai travando uma batalha durante o alvorecer

Na junção entre ontem e amanhã eu te perdi
E agora solitário eu parto feito estrela cadente
Mas queria mesmo poder voar como um colibri
E assim procurar-te muito além do sol poente

Mesmo que o mundo desmorone ao nosso redor
Ainda há muitas coisas que jamais irão mudar
E dentre elas o mais forte é esse nosso amor
Que mais dia ou menos dia nos fará nos reencontrar

Eu serei a estrela cadente que corta o destino
E com a mão coberta de cicatrizes irei te proteger
Vasculharei o mundo todo feito um peregrino
E junto estaremos vivendo um novo amanhecer




domingo, 3 de janeiro de 2016

Mosaico


Tento juntar todas as peças do mosaico
Encontros e despedidas que me deste
As boas e más palavras que disseste
Que vão formando um cenário prosaico

Durmo enquanto penso em tudo isso
E acordo sem as respostas favoráveis
Que justifiquem os esforços miseráveis
Para manter esse nosso compromisso

As peças do mosaico refletem vivamente
Todas as mentiras que nós temos dito
Todos os momentos de coração aflito
E tudo que compartilhamos alegremente

Tenho que os nossos sonhos reunir
E tentar encaixá-los neste mosaico
Para tornar esse cenário epopaico
E assim ao mundo poderemos sorrir