domingo, 28 de agosto de 2011

Conectados


A humanidade esta doente,
Esta é a minha impressão.
Ela esta ficando demente,
Com síndrome de conexão.

Hoje quando vamos nos deitar
Nós deixamos tudo ligado.
TV, micro, Ipad e celular,
Nada fica desconectado.

Existe muita informação,
Mas pouco conhecimento.
Fala-se muito de coração,
Mas não existe sentimento.

Tudo o que ocorre é comovente
Até surgir o próximo fato.
No calor da tragédia emergente
As velhas desaparecem de imediato.

Famosos surgem sorridentes,
E perduram por um momento.
Tal qual estrelas cadentes,
Eles caem no esquecimento.

A Humanidade se define
Um pouco mais a cada dia
Como uma manada on-line
Guiada por cacofonia.

Os mais lúcidos a pergunta fazem:
Como foi que isso tudo aconteceu?
Mas a resposta eles não sabem,
Muito menos ainda, eu.


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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Chuva Mansa

Cheiro de terra nua,
Vento que sopra úmido e quente.
Mudança de faze da lua
E o sol arde na pele da gente.

As nuvens usam véus no horizonte,
A paisagem embaça atrás das mangas.
O céu em tons escuros de azul à frente
E o solo anseia pelas gotas largas.

No jardim as plantas esperam
E os pequenos insetos fogem.
Pelo lugar mais alto procuram,
Da morte certa eles correm.

A umidade no ar aos poucos aumenta
Seguido pelo som de infinitos pingos.
Então chega a manga d’água lenta
E o ar esfria carregado de respingos.

O asfalto quente gera vapor por minutos.
O óleo brilha levado pelas torrentes.
O sol fulgura no chão por momentos,
Até que as nuvens fecham o céu, imponentes.

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domingo, 21 de agosto de 2011

Migalhas


Como não fui capaz de perceber antes
Que apenas migalhas você me dava?
Não são de migalhas que vivem os amantes
E sim de plena dedicação, quase escrava.

Para sair com minha família não tinhas tempo
Nunca podia ir ao Shopping, pois dinheiro lhe faltava.
Nos dias de festa sempre tinha um contratempo
Às tardes de Domingo ao seu pai você dedicava.

Nada se fazia, pois do trabalho sempre saía cansada
Seus compromissos, por mais banais, eram inadiáveis.
Aos amigos e amigas (irmãos) uma dedicação exagerada  
Sempre agindo desta maneira, por vezes incontáveis.

Precisei sair do turbilhão para enxergar
Que o verbo amar se conjuga com dedicação
Quando se ama, o outro vem em primeiro lugar
Quando é verdadeiro, exercemos a abnegação.

Cego de amor eu não percebi antes
Que apenas migalhas você me dava.
E você partiu em poucos instantes
Quando de plena dedicação eu precisava.



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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Irmã de Coração


Araras, cidade bela, mas fria.
Eu ali cheguei numa manhã quente.
Por força de uma caneta COLLORIDA.
Apresentei-me a um Chefe Clemente.
Que sempre de branco e cinza se vestia.

Então passei os meus dias em conferências.
Sanando os equívocos de quem eu nem conhecia.
Buscando erros e incoerências.
Sempre em péssima caligrafia.

Os absurdos se acumulavam.
E as gargalhadas eram contidas.
Os acertos na noite se digitavam.
Tendo o CESEC suas tarefas cumpridas.

E neste mar de erros e acertos.
Surgiu uma bela e bondosa alma.
Com seus pequenos pés sem apertos.
E um sorriso transbordando de calma.

Essa alma Lilian era você.
Minha Irmã eleita no coração.
Sua amizade é como um doce.
Cujo sabor é cheio de emoção.



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domingo, 14 de agosto de 2011

A Paixão do Arlequim


Estou parado diante da porta
De minha bela Colombina.
Ela se chama Maria Dorta
E trabalha em uma cantina.

Em sua porta prego meu coração
Coração de um Arlequim apaixonado.
Quero que ela saiba de minha paixão
Mas por ninguém posso ser enxergado.

Esta é a maldição do Arlequim.
Só de relance pode ser visto.
Por crianças inocentes no jardim
Ou damas de caráter bem quisto.

Mas nisso esta meu encanto
Pois mil travessuras eu faço
Roubo beijos e saias eu levanto,
Sem alarde ou embaraço.

Bato na porta de minha Colombina
E ela vem prontamente atender.
Ela não enxerga a figura arlequina
Mas meu coração ela vai perceber.

Maria vasculha com os olhos a rua
Mas não vê ninguém nela percorrer.
Vê meu coração pregado na madeira nua
Com meu rubro sangue dele a escorrer.

Maria solta um sorriso encantador
E corre até a sua humilde cozinha.
Pega um prato em seu aparador
E retorna a porta rindo sozinha.

Maria retira o alfinete de meu coração
E o deixa deslizar devagar para o prato.
Volta para a cozinha com muita atenção
Como quem porta um fino artefato.

Ela põe o prato sobre a mesa
E abre uma gaveta de seu aparador
Escolhe garfo e faca de rara beleza
E pega ketchup no refrigerador.

Depois de armado o cenário
Ela se senta na frente do prato.
Eu em pé, encostado num armário
Assisto a inusitada cena, estupefato.

Com graça e muita delicadeza
Maria fatia meu coração.
Acrescenta o molho com leveza
E come porção por porção.

Sinto minhas forças esvaindo
Escorrego pelo armário até o chão.
Maria se levanta da cadeira sorrindo
E olha nos meus olhos com paixão.

Ela rodeia a mesa e chega perto de mim
Em seguida me da um beijo apaixonado.
Suas mãos pegam meu chapéu de Arlequim
E também meu colorido e mágico cajado.

Ela veste meu chapéu e num salto se levanta
Batendo meu cajado mágico com força no chão.
Sua figura ganha um brilho fascinante que encanta
Nas roupas surgem losangos coloridos em profusão.

Maria agora me sorri como Arlequim
Mas sua imagem desaparece como fumaça
E eu fiquei no chão com uma solidão sem fim
Transformado em humano, sem encanto nem graça.


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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pai - Meu Primeiro Grande Amigo


No ultimo mês de Julho
Quinze anos completou.
Sem alarde nem barulho
Que você nos deixou.

Foi num frio dia doze
Uma tarde de sexta-feira.
Um frio que por osmose
Instalou-se na minha alma inteira.

Muita falta meu pai, eu sinto
Da sua grande paciência
Do seu falar sucinto,
Da sua farta experiência.

Que saudades meu pai, eu tenho
Do seu ombro amigo
Do seu reprovador cenho
De gargalhar contigo.

Você foi meu primeiro amigo
Quem me ensinou a andar
E corria a pé comigo
Quando comecei a pedalar.

Deu-me o exemplo do correto
E a explicação do errado.
Um lar, não apenas teto,
E um bom caráter forjado.

Queria poder hoje te dar um abraço
Dizer-te meu Pai, muito obrigado.
Mas agradecer a Deus sempre eu posso
Pelos vinte e cinco anos que tive ao seu lado. 

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Amigos Distantes

Dizem que amigos que moram longe,
São como navios que ultrapassam o horizonte.

Você não pode mais vê-los,
Mas sabes que lá estão.
E um dia um deles vai surpreender-nos,
Retornando e oferecendo-nos a mão.

Pode ser uma rápida visita,
Ou um regresso tão esperado.
Mas o que sempre lhe motiva,
É a vontade de estar ao nosso lado.

Muitas vezes saudades não nos falta,
Para ir ao seu encontro.
Mas as circunstâncias a nossa volta,
Impede-nos de percorrer esse meandro.

Então, caro amigo que esta longe, como a vida tem lhe tratado?
Deixo aqui um pedido de notícias e um abraço bem apertado. 


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