domingo, 29 de maio de 2016

Vermelho Oblívio

Sento-me na lua para ver as estrelas
Minhas lágrimas voam ao sabor do vento
A saudade é a maior de minhas mazelas
Meu eu hoje está totalmente ao relento

Olho para o chão buscando os belos lugares
Lugares onde vivemos momentos tão felizes
Mas daqui de cima eles parecem tão vulgares
Perante o cosmo somos apenas meros deslizes

A lua mal suporta o peso de minhas dores
Eu nem sei como consegui chegar até ela
Acho que fiz asas com os meus rancores
Penas negras com a força de uma procela

As estrelas não me oferecem alívio
Elas sequer me deram algum conselho
Apenas pedem que as olhe até o oblívio
Até que meus olhos percam o vermelho




quarta-feira, 25 de maio de 2016

Aquela Hora



Há sempre mais algum detalhe
Um detalhe ainda mais imundo
Com mau cheiro mais profundo
Que nos joga em outro encalhe

São vozes por demais malditas
Auscultadas por torpes ouvidos
Provocando mais gritos sofridos
Em bocas que já são decrépitas

É um cabedal sem fim de absurdos
Cambiando entre o hilário e o horrendo
Onde os mais fracos seguem morrendo
Enquanto outros fazem-se de surdos

Não adianta esperar pela salvação
Não adianta mais nutrir esperança
Já é chegada a hora da vingança
Já é chegada a hora da revolução



domingo, 22 de maio de 2016

Mundo Melhor


Há tantas coisas que eu não notei
Facetas das quais não tinha noção
Centrado apenas em meu coração
Por puro egoísmo tudo eu ignorei

Como eu pude ser tão patético
Isso quase sempre é frustrante
Com uma sensação repugnante
Um sentimento quase maléfico

Tento manter a cabeça erguida
Em meio ao calor momentâneo
Vendo o teu sorriso espontâneo
Algo o mais lindo de minha vida

Agora vejo tudo ao nosso redor
Enquanto as tuas mãos seguro
Com esperança no nosso futuro
Pois faremos um mundo melhor



quarta-feira, 18 de maio de 2016

A Grande Rede


Agora ela guarda suas palavras ácidas
Agora ela deita uma doce prosopopéia
Já não mais destila o ódio feito diarréia
Apesar do sangue nas mãos cerradas

O que com uns era um grave martírio
Com outros ela pinta como o refrigério
Descaradamente exerce seu adultério
Tem no sofrimento alheio o seu delírio

Necessita uma massa mais ignorante
Enlouquece por estar sendo ignorada
No poder busca a forma de ser amada
Impondo a sua realidade tão delirante

Suas funções naturais jamais foram exercidas
Vivendo servil ao que existe de mais asqueroso
Ludibriando um povo tão pobre e esperançoso
Que não imagina ser vítima de suas investidas



domingo, 15 de maio de 2016

O Passado se Regurgita

Hoje um coração chora
O passado se regurgita
A grande traição vigora
Nessa hora de desdita

Sangra a Nobre Dama
Pelo punhal da cobiça
Para esconder a lama
Manietaram a justiça

A desconfiança grassa
Vontades são contidas
Uma custosa desgraça
Oportunidades perdidas

O alheio chorará o dono
A herança será maldita
Na dor deste abandono
O passado se regurgita




quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Fugitiva

Ela vaga entre percepções
Num misto de luz e trevas
Saltando várias dimensões
Fugindo de crias malevas

Queria apenas um pouco de paz
Queria uma existência tranqüila
Mas o seu inimigo é muito edaz
E o passado em seu ouvido sibila

Os mortos pisam em seus passos
A vida escorre por entre os dedos
Seus desejos tornam-se escassos
Habituou-se a encarar seus medos

Fugiu para evitar a própria morte
Fugindo perdeu o direito de viver
Sem esperança de mudar a sorte
Espera apenas poder sobreviver


domingo, 8 de maio de 2016

Pequenos Conselhos

Serene a voz em tua consciência
Não tenhas tanta pressa de chegar
Nem sempre é sacra a abstinência
Não existe hora certa de se mudar

É na senda que está a felicidade
Já a tristeza busca uma pousada
Para amar não existe uma idade
A alegria é uma senhora ousada

Seja de tua língua o imperador
E não escravo de tuas palavras
A ignorância entorpece tua dor
A verdade a leva em zavras

Dê o teu melhor para o mundo
E ele sempre te fará o mesmo
Tudo muda em cada segundo
O destino nunca vaga a esmo  

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Grito Infinito

O grito torna-se infinito
O povo está incontrolável
Enterremos nossas rotinas no conflito
Essa nossa condição tão deplorável

Eles pensam que não existimos
Ou nos tomam como o problema do mundo
Nesse show de horrores que assistimos
De seres abjetos produtos de um engodo imundo

Muitos se perguntam ao acaso
Para onde estaremos indo?
Sobre esta tempestade de descaso
De seres inumanos que seguem rindo

Nossas vidas entrepostas agora gritam
Diante destas esperanças que desabaram
Nesse show de horrores que agora agitam
Todos aqueles negligentes que antes se calaram

  


domingo, 1 de maio de 2016

No Rumo Inverso

Vamos nos libertar de tudo agora
Sairemos em busca de nossa luz
Deixemos os medos sem demora
Nossa crença é o que nos conduz

Não é fácil esquecer todas as brigas
Não é fácil superar os desencontros
Não nos deixemos levar por intrigas
Não cultivemos rancores e tolontros

Ouçamos o que o vento está dizendo
Sejam suas palavras belas ou ferinas
Vejamos o quanto o céu está tremendo
Por puro medo de todas nossas sinas

Nós só temos um lugar para chegar
Ele está muito além dessa escuridão
Nós ainda somos jovens para errar
Corremos no rumo inverso da solidão