quarta-feira, 25 de abril de 2012

Palavras & Silêncio

Falar por falar
Palavras em vão
Falar sem pensar
Ofensas que vão
 
O que e como dizer
E em qual momento
Requer muito saber
E grande discernimento
 
Magoar é muito fácil
Arrepender-se também
Perdoar é mais difícil
Pois a raiva se mantém
 
O silêncio não é santo
Ele também fere
Num momento de pranto
Quem se cala, pretere
 
A indiferença não fala
Ela sempre usa o silêncio
E a dor quando se cala
Faz do ódio um ofício
 
Palavras podem ser medidas
E o silêncio mal interpretado
Palavras podem ser perdidas
E o silêncio bem aventurado
 
O silêncio pode gritar
E o brado nada dizer
Basta só interpretar
Basta apenas querer
.

domingo, 22 de abril de 2012

Dia sim, Dia não

Acordar, levantar e ver a agenda
Às vezes te faz sorrir, outras não
A vida não vem com legenda
Siga somente o seu coração
 
Amor, sonho e lógica
Juntos não dão resposta
Então ouça uma música
E faça a sua aposta
 
Uma felicidade ligeira
Pode ser o começo
Para uma vida inteira
Num êxtase sem preço
 
Quando se sente isso
Não sabes onde vai parar
Até parece um feitiço
Que nos faz caminhar
 
Um tipo especial de caminho
Para o qual você nasceu
Não desistas por causa do espinho
Da flor que o destino lhe deu
 
Coragem no primeiro passo
E os demais se seguirão
Siga apenas o compasso
Dado pelo seu coração

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Uma Longa Travessia

Eu atravessei a dor
Uma longa jornada
Na ausência do seu amor
 
Foram dias amargos
Pesados e frios
De passos letargos
 
Sofrendo só e calado
Por orgulho
Fingindo imaculado
 
E cheguei do outro lado
Cansado e ferido
Mas de coração renovado
 
Hoje sei que nada perdi
Fora só ilusão e mentira
Tudo que eu ouvia de ti
 
Somente eu amei
Só eu vivi
Apenas eu sonhei
 
Mesmo na ilusão
Fui feliz
Como na canção
 
O tempo perdido é teu
A mentira foi sua
O arrependimento é seu
 
Não vou me lamentar
Nem pedir
Muito menos implorar

Vou apenas continuar
Em busca de um verdadeiro amor
Ainda querendo amar

domingo, 15 de abril de 2012

Mensagens ao Vento


Será que existe um coração
Que não sente dor alguma?
Perguntou-me de supetão
O vento que trazia a bruma.

Ele passou antes por ti
Mirando em seus olhos
Viu a tristeza morando ali
E sua alma em restolhos

Não tive uma resposta
Não soube o que dizer
Toda pessoa esta exposta
Ao simplesmente viver

Fui derrotado nesta primavera
Pelas suas próprias escolhas
Desterrado como uma quimera
Pelo vento, feito as folhas

Que caminho você usou
Para passar pela luz do Verão?
Do Inverno onde estou
Eu não tive a menor noção

Espero que nossos caminhos
Um dia se cruzem novamente
E enquanto seguirmos sozinhos
Que o céu lhe seja azul somente

Peço ao vento que não te leve chuvas
Basta às lágrimas que dos olhos lhe caem
E que não vivas a contar maranduvas
Pois apenas a solidão é quem elas atraem

Dentro de ti foi onde o amor se escondeu
Basta você querer encontra-lo
Sempre desde o dia em que você nasceu
É assim com todos que vão procura-lo

Nós apenas vagamos sem rumo
Porque as palavras nos faltaram
Para por os sentimentos no prumo
E nossos corações se calaram

Que este vento que me trouxe a bruma
Um dia te entregue essa mensagem
E lhe diga também sem razão alguma
O que viu em meus olhos na passagem
 .

domingo, 8 de abril de 2012

Irmãos Menores

Quando iremos entender
Nossa grande responsabilidade
Sobre cada pequeno ser
Que coabita com a humanidade
 
Quando iremos respeitar
O direito de em paz viver
Dos que não sabem vocalizar
E muito menos se defender
 
Eles já nos dão carinho e alimento
Transportam-nos e nos vestem
Mas ainda lhes impomos sofrimento
Que de forma bizarra nos divertem
 
Touradas, rodeios e rinhas
Três formas de nossa brutalidade
Frutos de mentes mesquinhas
Da aurora da humanidade
 
Por que ainda as mantemos
Nestes tempos de alta tecnologia?
Até quando nos calaremos
Sem por fim a essa selvageria?
 
O que falta às pessoas de bem
Para dar um grande “basta”?
Onde estão os que creem no “Além”
Para por fim a esta casta?
 
Qual diferença realmente existe
Entre assassinato e tourada?
Uma pessoa que na rinha persiste
Como pedófila deveria ser tratada
 
Eu só vejo sadismo
Numa festa de rodeio
Onde esta o heroísmo
Em impor dor ao alheio?
 
O touro e o cavalo
Não são nossos brinquedos
O cachorro e o galo
Também têm dores e medos

É fácil respeitar ao próximo
Quando ele fala a nossa língua
Mas o bicho homem em seu intimo
Sabe o que é morrer à míngua
 
Não existem inocentes
Diante desta barbaridade
Por ações ou omissões indecentes
Faz-se culpada a humanidade
.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sem Cor

Ela foi embora
Deixando-me aqui
Estou só agora
Com o que construí
 
Nada mais tem cores
Tudo ficou cinza
Até mesmo as flores
Um mundo ranzinza
 
Nada mais importa
É o final de um sonho
Vivo uma hora morta
Na alma um frio medonho
 
Não vejo um rumo
Não tenho direção
Perdi meu prumo
E meu coração
 
Vejo o horizonte
Com o olhar vazio
O sol no poente
Só aumenta o frio
 
Minha alma vaga
Perdida no passado
No peito uma chaga
E um grito sufocado
 
Não tenho explicação
Não posso entender
Só me resta a solidão
E talvez enlouquecer

Por um amor perdido
Um futuro incerto
Por um coração partido
Um vagar no deserto
 
.

domingo, 1 de abril de 2012

Em Construção

Não sei de tudo
Nem sou perfeito
Mas sempre mudo
 
Não firmo conceitos
Nem julgamentos
Pois tenho defeitos
 
Vou vivendo
Observando o mundo
E aprendendo
 
Valorizo a humildade
Desprezo o preconceito
Pratico a caridade
 
Vivendo com fé
De mente aberta
Seguindo a maré
 
Cultivando amor
Com desapego
Aceitando a dor
 
Abraçando a mudança
Dentro da ética
Sempre com esperança
 
Lutando pelo certo
Combatendo o errado
De peito aberto
 
Buscando a liberdade
Sem libertinagem
Sempre com lealdade
 
Errando e acertando
Sem medo
Caindo e levantando
 
Nem demônio ou santo
Nem branco ou preto
Com pranto ou encanto
 
Um anjo cinza em batalha
Caminhando sem descanso
Pelo fio invisível da navalha

.