sábado, 28 de março de 2015

Secretos Desejos

Minha alma queima
Permeada de desejos
Que a vontade teima
Em manter acesos

Desejos inconfessos
Permeados pelo medo
De que sejam descobertos
De que me apontes o dedo

Será que tu percebes
Que te olho com luxúrias
Será que tu já sabes
Que te quero em doces lamúrias

Lamúrias sussurradas
Dentes serrados
Carícias suadas
Olhares enviesados

Cenas que povoam a minha mente
Mas que estão longe da realidade
Que deixam a minha pele carente
E meus olhos suplicando de vontade



quarta-feira, 25 de março de 2015

Cheirando Lembranças

Por entre as flores do Ipê
Que dançam com a brisa da serra
Vejo a luz da lua iluminando o sapê
Trazendo lembranças com cheiro de terra

Imagens perfumadas de pão assando
Em forno de barro e lenha queimando
Da alfazema nos cabelos da Bisa
Do mel de laranjeira da casca lisa

Dias felizes deixados para trás
Em prol de sonhos insertos
Sonhados com olhos despertos
Que buscavam felicidade e paz

Mas a felicidade foi perdida
E a paz tornou-se algo raro
Então hoje busco o amparo
Debaixo desta árvore florida


domingo, 22 de março de 2015

Cale a Boca

Ignorância
Intolerância
E só que vemos nestes dias

Prepotência
Inconseqüência
Seres de almas frias

Medos das diferenças
Escudos de indiferenças
Morrendo está a sociedade e suas crias

Querem parecer fortes
Escondendo as próprias sortes
Mas caminham para existências vazias

Ganância
Arrogância
Vítimas de mentes perfídias

Inocência
Incompetência
Sofrem sem saber que são os alvos das insídias


quarta-feira, 18 de março de 2015

Mudanças

Todos clamam por mudanças
Mas alguns não as enxergam
Seguem cegos em lambanças
Sob mãos que os oneram

Todos clamam por mudanças
Mas alguns não querem mudar
E conduzem cegas crianças
Para tudo ficar no mesmo lugar

Todos clamam por mudanças
Mas quase ninguém quer ajudar
Vivem de sonhos e esperanças
Mas sem vontade de lutar

Todos clamam por mudanças
Mas alguns não sabem o que mudar
Ficando enredados em desconfianças
Sem saberem o que alvejar




domingo, 15 de março de 2015

Meu Oceano

Você teve que partir
E o tempo não para
O que estiver por vir
O destino mascara

Eu permaneço aqui
Nesta cidade alterada
Pelas memórias de ti
Revividas na alvorada

Não nos veremos novamente
Nós não olharemos para trás
E tudo mais irá ficar diferente
A dor que sentimos é mordaz

Nossos desejos são apagados pelo vento
Nossas vontades são desbotadas aquarelas
Nossa felicidade está perdida no tempo
Nossas vidas tornaram-se retas paralelas

Eu criei um oceano profundo
Repleto de lembranças tuas
E agora estou me afogando
Enquanto ando pelas ruas



quarta-feira, 11 de março de 2015

Tempo de Ilusões

Deste céu somente tristeza chove
O mundo se contorce pelas dores
Porem ninguém mais se comove
E vazios estão todos os louvores

O tempo cada vez mais se acelera
Estando a humanidade em letargia
Pelo final do mundo agora espera
Sob manto ilusório da velha mídia

A transformação não é previsível
O destino jamais está controlado
E toda mutação agora é possível
Virá o novo mundo não esperado

O correto tem a força da natureza
O errado vem com sua destruição
O flexível herdará toda a fortaleza
O rígido terá apenas a aniquilação



domingo, 8 de março de 2015

Alma Fria


Perdido entre sentimentos e palavras
Ele não sabe o que dizer a ela
Sentado diante de branca tela
Tentando entre teclas fazer as lavras

A escuridão seu coração desbrava
Procurando algo humano entre veias
Onde seu destino fiou intricadas teias
Que o privaram de tudo que amava

A solidão sussurra em seus ouvidos
Frases de medo e más lembranças
Anestesiando nervos e esperanças
Povoando o mundo de anjos caídos

No vazio não cresce arrependimento
Por mais que haja sol o frio é intenso
A alma já não mantém o bom senso
E segue sempre muda no isolamento



quarta-feira, 4 de março de 2015

Estrelas Pálidas


Na solidão da noite
Ele olha as estrelas sem esperança
Em seu coração cresce a vingança
Cada suspiro é um açoite
Vagando sempre na mesma lembrança
Em busca de um aloite
Até a próxima senoite
Por uma perdida criança
Que a paz um dia ele abiscoite
Mas hoje só o ódio avança
Na solidão da noite
Nutrido pela desconfiança
Cada suspiro é um açoite
Olhando as estrelas sem esperança


domingo, 1 de março de 2015

O Pianista


Dedilhando entre negro e branco
Ele mergulha na própria alma
Fluindo do êxtase até a calma
Um nobre ser de espírito franco
Aos sentimentos ele amalgama
Alegrando ao perfeito e ao manco
Faz cada coração um saltimbanco
Esperando o clamor de cada palma
Sentado em singelo banco
Dá ao instrumento uma viva alma
Provocando na platéia o solavanco
Que será considerado um agalma
Deixando o vaso da tristeza estanco
Dedilhando entre o êxtase e a calma