domingo, 16 de outubro de 2016

Descobertas Nefastas

Eu descobri que a Justiça
Pode ser produzida em série
Sustentada por ódio e cobiça
Deixando a sociedade na paupérie

Eu descobri que a maioria
Define aquilo que é certo
Sobre as dores da minoria
Transforma o mundo em deserto

Eu descobri que a maioria
Pode ser manobrada
Para a benesse da tirania
Ela é sempre controlada

Conseqüentemente ter amigos
Faz minha força como humano cair
Eles são apenas testigos
De um mundo que está a ruir

Por isso eu escolhi a solidão
Não quero fazer parte disto
Por isso eu evito a multidão
Destas culpas eu desisto


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Crescente Escuridão


Eu sinto o seu toque
Lá fora cresce a escuridão
Já não há mais tempo para o perdão
Não há como evitar o choque

Fecho os meus olhos
Lá fora cresce a escuridão
O medo se espalha na amplidão
Feito uma praga de abrolhos

Apuro meus ouvidos
Lá fora cresce a escuridão
Toda vida sente essa lassidão
Crescente é o pranto pelos perdidos

Serro os meus dentes
Lá fora cresce a escuridão
Conseqüência de toda essa devassidão
Destruindo corpos e mentes



quarta-feira, 15 de junho de 2016

Quinhentas Vezes


Uma seara em palavras
Algumas doces, outras amargas
Traçando linhas como lavras
Fazendo em letras adagas e adargas

E assim fui por quinhentas vezes
Descrevendo horrores e encantos
Em monocromos ou ricas matizes
Entre alegrais e prantos

Acalentando a verdade
Acareando a mentira
Buscando a felicidade
Balançando entre o amor e a ira

Hoje o poeta pede uma pausa
Mas não se trata de letargia
Meu silêncio é por uma boa causa
E pode ser quebrado pela nostalgia



domingo, 12 de junho de 2016

Términos e Recomeços


A chuva caiu ao final da tarde
A luz transpassa entre as árvores
Um arco-íris se forma sem alarde
Pássaros cantam entre as flores

Onde partículas de luz e poeira se dividem
Nós também iremos nos separar
Pois nossas estrelas já não mais se colidem
Passarão a eternidade a vagar

Toda primavera traz uma flor desconhecida
Basta querer por ela encontrar
O amanhã virá mesmo que a noite seja sofrida
A dor no coração abranda se ele ainda puder amar

Eu adoraria te encontrar novamente
Naquele lugar que nos ensinou o que é amar
Mas agora tudo está tão diferente
Por este mundo ainda belo eu quero caminhar




quarta-feira, 8 de junho de 2016

Amor Esquecido

Temos hoje um amor esquecido
E por sua falta temos sofrido
Amor que por um Mestre fora ensinado
Já são dois mil anos desse legado

Dois mil anos e nada aprendemos
A sua essência ainda não entendemos
Desse amor que nos fora dado
Uma sabedoria deixada de lado

Mas o mestre ainda irá nos perguntar
E nada teremos para falar
Pois esse amor está escondido
Por ninguém ele é exercido

Ao teu próximo você amou?
Como teu irmão o considerou?
Com base nisso Eu irei te julgar
Essa é a medida que Eu irei usar 

domingo, 5 de junho de 2016

A Força do Tempo

Vejo no tempo uma ilusão
O maior engodo da criação
Onde tudo se diz perfeito
Onde a esperança fez seu leito


O tempo da dor é portador
Nivelando o ódio e o amor
E zera todos os nossos feitos
Igualando desonrados e eleitos


Ele esconde sobre sua poeira
As glórias de uma vida inteira
As grandes obras do passado
A pior guerra e o maior legado


Frente ao tempo tudo é uma quimera
Toda e qualquer forma é efêmera
Nada resiste ao seu eterno caminhar
Nada pode realmente ver o tempo passar



quarta-feira, 1 de junho de 2016

Lendas e Mitos


Por entre montanhas vagando
Com seus passos seculares
Um velho reino carregando
Com fantasmas aos milhares

Caladas paredes de pedras
Que contam suas histórias
Escondidas sob as hedras
Estão seus tesouros e vitórias

Uma jornada solitária
Uma maldição antiga
Extinta nação mercenária
Cujos restos mortais ela abriga

Para esconder do mundo este segredo
Pela eternidade ela segue vagando
Pois imortal tornou-se neste enredo
Novas lendas e mitos ela vai criando




domingo, 29 de maio de 2016

Vermelho Oblívio

Sento-me na lua para ver as estrelas
Minhas lágrimas voam ao sabor do vento
A saudade é a maior de minhas mazelas
Meu eu hoje está totalmente ao relento

Olho para o chão buscando os belos lugares
Lugares onde vivemos momentos tão felizes
Mas daqui de cima eles parecem tão vulgares
Perante o cosmo somos apenas meros deslizes

A lua mal suporta o peso de minhas dores
Eu nem sei como consegui chegar até ela
Acho que fiz asas com os meus rancores
Penas negras com a força de uma procela

As estrelas não me oferecem alívio
Elas sequer me deram algum conselho
Apenas pedem que as olhe até o oblívio
Até que meus olhos percam o vermelho




quarta-feira, 25 de maio de 2016

Aquela Hora



Há sempre mais algum detalhe
Um detalhe ainda mais imundo
Com mau cheiro mais profundo
Que nos joga em outro encalhe

São vozes por demais malditas
Auscultadas por torpes ouvidos
Provocando mais gritos sofridos
Em bocas que já são decrépitas

É um cabedal sem fim de absurdos
Cambiando entre o hilário e o horrendo
Onde os mais fracos seguem morrendo
Enquanto outros fazem-se de surdos

Não adianta esperar pela salvação
Não adianta mais nutrir esperança
Já é chegada a hora da vingança
Já é chegada a hora da revolução



domingo, 22 de maio de 2016

Mundo Melhor


Há tantas coisas que eu não notei
Facetas das quais não tinha noção
Centrado apenas em meu coração
Por puro egoísmo tudo eu ignorei

Como eu pude ser tão patético
Isso quase sempre é frustrante
Com uma sensação repugnante
Um sentimento quase maléfico

Tento manter a cabeça erguida
Em meio ao calor momentâneo
Vendo o teu sorriso espontâneo
Algo o mais lindo de minha vida

Agora vejo tudo ao nosso redor
Enquanto as tuas mãos seguro
Com esperança no nosso futuro
Pois faremos um mundo melhor



quarta-feira, 18 de maio de 2016

A Grande Rede


Agora ela guarda suas palavras ácidas
Agora ela deita uma doce prosopopéia
Já não mais destila o ódio feito diarréia
Apesar do sangue nas mãos cerradas

O que com uns era um grave martírio
Com outros ela pinta como o refrigério
Descaradamente exerce seu adultério
Tem no sofrimento alheio o seu delírio

Necessita uma massa mais ignorante
Enlouquece por estar sendo ignorada
No poder busca a forma de ser amada
Impondo a sua realidade tão delirante

Suas funções naturais jamais foram exercidas
Vivendo servil ao que existe de mais asqueroso
Ludibriando um povo tão pobre e esperançoso
Que não imagina ser vítima de suas investidas



domingo, 15 de maio de 2016

O Passado se Regurgita

Hoje um coração chora
O passado se regurgita
A grande traição vigora
Nessa hora de desdita

Sangra a Nobre Dama
Pelo punhal da cobiça
Para esconder a lama
Manietaram a justiça

A desconfiança grassa
Vontades são contidas
Uma custosa desgraça
Oportunidades perdidas

O alheio chorará o dono
A herança será maldita
Na dor deste abandono
O passado se regurgita




quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Fugitiva

Ela vaga entre percepções
Num misto de luz e trevas
Saltando várias dimensões
Fugindo de crias malevas

Queria apenas um pouco de paz
Queria uma existência tranqüila
Mas o seu inimigo é muito edaz
E o passado em seu ouvido sibila

Os mortos pisam em seus passos
A vida escorre por entre os dedos
Seus desejos tornam-se escassos
Habituou-se a encarar seus medos

Fugiu para evitar a própria morte
Fugindo perdeu o direito de viver
Sem esperança de mudar a sorte
Espera apenas poder sobreviver


domingo, 8 de maio de 2016

Pequenos Conselhos

Serene a voz em tua consciência
Não tenhas tanta pressa de chegar
Nem sempre é sacra a abstinência
Não existe hora certa de se mudar

É na senda que está a felicidade
Já a tristeza busca uma pousada
Para amar não existe uma idade
A alegria é uma senhora ousada

Seja de tua língua o imperador
E não escravo de tuas palavras
A ignorância entorpece tua dor
A verdade a leva em zavras

Dê o teu melhor para o mundo
E ele sempre te fará o mesmo
Tudo muda em cada segundo
O destino nunca vaga a esmo  

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Grito Infinito

O grito torna-se infinito
O povo está incontrolável
Enterremos nossas rotinas no conflito
Essa nossa condição tão deplorável

Eles pensam que não existimos
Ou nos tomam como o problema do mundo
Nesse show de horrores que assistimos
De seres abjetos produtos de um engodo imundo

Muitos se perguntam ao acaso
Para onde estaremos indo?
Sobre esta tempestade de descaso
De seres inumanos que seguem rindo

Nossas vidas entrepostas agora gritam
Diante destas esperanças que desabaram
Nesse show de horrores que agora agitam
Todos aqueles negligentes que antes se calaram

  


domingo, 1 de maio de 2016

No Rumo Inverso

Vamos nos libertar de tudo agora
Sairemos em busca de nossa luz
Deixemos os medos sem demora
Nossa crença é o que nos conduz

Não é fácil esquecer todas as brigas
Não é fácil superar os desencontros
Não nos deixemos levar por intrigas
Não cultivemos rancores e tolontros

Ouçamos o que o vento está dizendo
Sejam suas palavras belas ou ferinas
Vejamos o quanto o céu está tremendo
Por puro medo de todas nossas sinas

Nós só temos um lugar para chegar
Ele está muito além dessa escuridão
Nós ainda somos jovens para errar
Corremos no rumo inverso da solidão

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Águas Passadas


Se você me deixasse eu me despedaçaria
Deixe-me levá-la o mais longe possível
Alcancemos o horizonte desta fotografia
Lá nosso amor tornar-se-á algo tangível

Deixe-me afastar todos os seus medos
Tomar suas mãos trêmulas nas minhas
Vagamos entre músicas sem enredos
Em um mundo de mal traçadas linhas

Podemos ser livres e para longe voar
É só tirarmos essas correntes pesadas
Seguiremos juntos para um novo lugar
Onde tristezas serão águas passadas




domingo, 24 de abril de 2016

Negros Dias


Vejo negros dias rondando o horizonte
Vejo a esperança sangrando na fronte
Vejo um ciclo interrompido pela força
Vejo nobre dama caçada feito corça

O mundo assiste a tudo, estarrecido
E o povo humilde chora, entristecido
Pois a sua voz lhe fora silenciada
Pois a sua sina lhe é exacerbada

Tudo está sendo realizado
Para que a sangria prossiga
Tudo feito de caso pensado
Para esconder toda intriga

Dias negros rondam o horizonte
E a esperança sangra pela fronte
A voz dos humildes fora silenciada
E a sina deles agora é exacerbada




quarta-feira, 20 de abril de 2016

Uma Busca Cega



Perdido entre intricados becos
Em busca do que não fora perdido
Algo que só uma vez fora sentido
Deixando olhos e garganta secos

Uma necessidade sem razão aparente
Uma saudade do que não fora vivido
Algo que sempre esteve escondido
Traduzindo numa espera tão pungente

Enquanto a razão desconhece a forma
A intuição percebe as belas nuanças
Algo que deixou parcas lembranças
Existindo sem se ater a qualquer norma

E a busca prossegue entre intricados becos
Mesmo sabendo que nada fora perdido
Algo que nunca fará o menor sentido
Deixando espírito e coração tão secos



domingo, 17 de abril de 2016

Ondulações



Nas águas jogaram a pedra
Formando uma séria êxedra
Da qual todos eles fugiram
Agora todos estão reticentes
Com argumentos renitentes
Contra quem eles argüiram

Plantaram a própria morte
Num momento sem sorte
Na busca pelo tolo poder
Pois foram inconseqüentes
E até mesmo intransigentes
Sem aos detalhes entender

Grandes perdas em repercussão
Espalhando na terra a revolução
Sem ter um alvo bem definido
Deixando nosso futuro incerto
Com tantos destinos em aberto
E em todos o medo está contido

Aproxima-se a hora da colheita
Momento onde a morte espreita
Sendo a luta a única salvação
Sofreremos todos as mazelas
Vertendo lagrimas entre velas
Depois de vencida a escuridão




quarta-feira, 13 de abril de 2016

Solitário Calvário

Aqui o mar está tão azul e cálido
A cotovia sobrevoa aos prantos
Aqui está o belo mar azul e cálido
A cotovia chora por seus cantos

Eu revejo meu passado feito um filme
E o coração congela ao ser ferido
Meu passado é imutável feito um filme
E o coração mantém-se tão gélido

Sentindo cheiro de pavor e sangue
Os anjos caídos ofertam um réquiem
Por este cheiro de pavor e sangue
Os anjos caídos dançam e sorriem

Sob olhos tão velados e frios
O mundo acaba sendo solitário
Sob fogo de tantos olhos frios
O mundo se torna um calvário