terça-feira, 28 de julho de 2015

Buscando o Amanhecer


Sob sombras sobrepostas
Tu escondes teus segredos
Entre teus profundos medos
Ao mundo dando as costas

Sentindo a tua pele fria
O meu coração balança
Entre dor e esperança
Sofreguidão e alegria

Tu buscas o mesmo lugar
Refletindo como espelho
Sem nada nunca mudar
Repetindo um erro velho

Este corpo não é só teu
Falam nossas memórias
Dos dias de sol e glórias
Que viveste junto ao meu

Quero tua pele reaquecer
Quero dissipar as sombras
Revisitar aquelas alfombras
Onde vimos o amanhecer


sábado, 25 de julho de 2015

Uma Nova Paixão



Na busca por mim mesmo
Acabei encontrando você
E mesmo sem ter porquê
Meu coração bateu a esmo
Meus sentidos a sua mercê
E a razão sofreu um sismo
Rendendo-se sem cinismo
Provocando o maior fuzuê
Quase abraçando o abismo
Guiado por seu doce buquê
Admirando seu belo erotismo
Delicada como a flor do ipê
Você me provoca o heroísmo
E o bom senso nada mais vê



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Despedida Breve


Tomo-lhe um último beijo
Molhado, morno, intenso
Já nem sei no que penso
Na sua falta eu me aleijo

E eu parto querendo ficar
O teu cheiro me entranha
A necessidade é tamanha
Eu respiro no teu respirar

No mundo eu fico sem ar
E tudo mais está sem foco
Parece irreal o que eu toco
Não encontro o meu lugar

Não vejo a hora de voltar
Para respirar o teu hálito
Reviver esse doce hábito
De passar o dia a te amar







domingo, 19 de julho de 2015

Quimeras e Aquarelas


Dentre as diversas almas que encontrei
Nenhuma delas estava totalmente errada
Seguia cada uma a sua própria estrada
E com diversos sonhos me identifiquei

E outras tantas eram tão diferentes
Carregando esperanças imbatíveis
Superando obstáculos inclementes
Tirando forças de fontes invisíveis

Elas pisavam em insólitas paisagens
Que não aceitavam risos ou lágrimas
Nem ofereciam consolos ou aragens
Mas nelas faziam as suas vindimas

Carregando seus sonhos de verão
Tão brancos e altos quanto nuvens
Com a fé sempre apoiando a razão
Tendo as lembranças por bagagens

Todas as estradas rumam ao infinito
E o céu é o mesmo sobre todas elas
Então todas formarão um só espírito
Uma soma de quimeras e aquarelas



quarta-feira, 15 de julho de 2015

Existência

Eu tremo enquanto o vento sopra
Pois parece ver minhas emoções
E as nuances de minhas decisões
Permeando tudo o que me alopra

Vagando no céu está a lua cheia
Observando nossas vidas vazias
Que até o mais fraco luar permeia
Expondo por completo as vilanias

Quero de volta aquele céu colorido
Onde nossos sonhos empoeirados
Ficaram para serem engendrados
Enquanto cerro meu punho dolorido

Sigo correndo até virar um tufão
Para banir todos os sentimentos
Pequenez, desespero e solidão
Superação em todos momentos

Mesmo que fiquemos roucos
Vamos bradar nossa súplica
E seremos taxados de loucos
Execrados em praça pública

Então mesmo indignos, poderemos
Roubar o mundo que acreditamos
Pois estamos muito longe de desistir
Pois mal conseguimos ainda existir



domingo, 12 de julho de 2015

Exindo


Entre ébrios desesperos
E recorrentes devaneios
Sigo repleto de esmeros
Frutos de muitos receios

Se fez tão tênue a linha
Entre realidade e ilusão
Dentro da minha razão
Onde a dor se continha

Já se foram as emoções
Num cordel de turbilhões
O que já fui está perdido
Agora sou desconhecido

Os sonhos fazem sentido
Palavras soam sem nexo
Simplificando o complexo
O todo na parte é contido  


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Última Visita

Ela veio em minha direção
Sorrindo sob a luz do luar
Querendo minha alma levar
Sem diálogo ou discussão

Às suas costas está o caminho
Para as terras frias e sem luz
Lugar a qual todos ela conduz
Armada de paciência e carinho

Não adianta apelar ao Destino
O mais velho dos sete irmãos
De livro acorrentado às mãos
Onde se lê o início e o término

Observo a sua fria pele alva
Adornada de negros cabelos
A cruz ansata entre os seios
E o suave perfume de malva

Seus olhos negros me acalmam
Seus belos lábios frios eu beijo
Sem dispor de um último desejo
Meus olhos para vida se fecham




sábado, 4 de julho de 2015

Meggido

Tudo está parecendo tão surreal
O mundo rompeu com seus eixos
O que era normal virou anormal
Presos num pântano de desleixos

A pobreza já não gera superação
Virou apenas uma desculpa vazia
Justificando latrocínio e corrupção
Sagrados mandos da mais-valia

O respeito virou mercadoria
E a vida foi reduzida a objeto
Educação tornou-se especiaria
E religião um negócio abjeto

Mas não é o mundo que está horrível
É a humanidade que não mais presta
Ser honesto é uma opção discutível?!
Meggido é o que de melhor nos resta?!




quarta-feira, 1 de julho de 2015

Renovação


Contemplando estrelas na noite fria
Feito nuvens vagam as lembranças
Em ventos de sonhos e esperanças
Sopros da saudade que me angustia

Mas não quero retornar àqueles dias
Não quero reviver aqueles tormentos
Que tornavam noites ainda mais frias
Que só traziam dores e sofrimentos

Rogo às estrelas que me acalentem
Peço ao vento que leve as lembranças
Sob o luar que novos sonhos cheguem
Que a aurora traga novas esperanças

Não tenho o peso de arrependimentos
E não quero refazer os mesmos erros
Quero apenas viver novos momentos
Dando aos velhos os seus desterros