quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Na Borda


Percorremos em passos lentos
Um caminho de vis tormentos
Engendrado por poder e ganância
Alimentados por farta ignorância

A pedra fundamental está perdida
Engessada pela falsa fé em letra fria
A intolerância ganhou carta de alforria
E o ódio é destilado em plena avenida

A verdade não mais se revela
E poucos saem em sua busca
Buscam só aquilo que ofusca
Um luxo mais pobre que favela

A necessidade foi esquecida
A ostentação é o novo vício
E tudo beirando o precipício
A múltipla falência garantida


domingo, 27 de setembro de 2015

Leveza

Sigo solto como vento
Sem rumo ou objetivo
Um coração impulsivo
Por liberdade, sedento

Apenas o sol é meu amigo
Apenas a lua me acalenta
Flerto feliz com a tormenta
E brinco com cada perigo

A natureza é uma aventura
As estrelas são testemunhas
Jamais carrego caramunhas
Meu passado nada murmura

A solidão é boa companheira
Mas às vezes se faz ausente
E o destino traz um presente
O sabor de paixão verdadeira


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Uma Vez Mais

Eu quero apenas uma chance
Para mudar tudo que é errado
Para estar de novo ao teu lado
Pôr o destino ao meu alcance

Eu quero apenas a oportunidade
De realizar tudo que sonhamos
De desfrutar tudo que amamos
Dominar o mundo com felicidade

Eu quero apenas a ocasião
Para te dizer tudo que sinto
Para te livrar deste labirinto
Pondo um fim nessa solidão

Eu quero apenas o ensejo
De te acolher em meus braços
De te confortar entre enlaços
Dando vasão a todo desejo


domingo, 20 de setembro de 2015

Circunscrito

Percorrendo dias sem sentidos
Buscando apenas sobrevivência
Mantendo sonhos em dormência
E intricados mundos reprimidos

Ele não busca por culpados
E muito menos por vingança
Quisera um fio de esperança
E alguns olhos preocupados

Do bem ele nada mais espera
Do mal só quer esquecimento
Vive rogando a cada momento
Pelo rompimento dessa esfera

Por ajuda ele não sabe pedir
E sequer concebe a quem
O mundo lhe exala desdém
Não sendo capaz de lhe iludir



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

No Más


No me gusta la forma que me miras
No me gustan los actos que sacas
Estás siempre al derredor de intrigas
Estás siempre a ponerme en máculas

No me vengas con falsas excusas
No me hables viejas frases rotas
Ya las tengo en mi mente, reclusas
Ya no hay palabras tuyas ignotas

Tuya voz ahora me da arcadas
Tuya presencia es embarazosa
Juegas con el mal y aún lo anidas
Caminas por una senda temerosa

Vete para muy lejos ahora
Contigo acá nadie se importa
Tienes una personalidad tuerta
Parte de una vez sin demora




domingo, 13 de setembro de 2015

Novos Tempos


Fortes ventos da mudança sopram
Sobre planos sonhos e esperanças
Que em folhas de outono se tornam
E muitos desejos viram lembranças

Rumo ao passado eles emborcam
Deixando rastros de desconfianças
Que os mais perspicazes ignoram
Visando conquistar novas alianças

Ao destino eles propõem desafios
Testando os limites da própria sorte
Encarando seus próprios demônios
Num jogo eterno entre vida e morte

Mas muitos se agarram aos medos
Olhando para o céu sempre imutável
Proferindo orações em muitos credos
Sendo todos ignorados pelo Inefável



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Desilusão

Eu sou aquela resposta que nunca chegou
Aquele sonho que há tempos fora esquecido
Sou mera sobra daquilo que tanto desejou
A sombra de algo que já deveria ter morrido

Eu sou a soma de suas ânsias inconfessas
Meras partículas de tudo que fora cobiçado
Aquelas suas atitudes tomadas às avessas
Aquele belo plano que sequer foi rabiscado

Eu sou os caminhos que foram abandonados
Sou a saudade do que foi deixado para traz
Sou eco de muitos conselhos negligenciados
As sequelas do que foi rotulado de “tanto faz”

Eu sou aquela dor acumulada ao longo dos anos
Sou a arca onde guardou um tesouro de tristezas
A cela construída com os tijolos de seus enganos
Sou o fino cristal onde envasou suas incertezas 

sábado, 5 de setembro de 2015

Magas Modernas


Elas são as netas das bruxas
Que escaparam da inquisição
Já não vestem mais capuchas
Ou se escondem na escuridão

Dividem os seus mistérios
Pelo rádio ou na televisão
Entre orientais e hespérios
Vivem em plena multidão

Buscam pela sabedoria
E preservam a natureza
Doam ao mundo alegria
Curam a dor e a tristeza

Não mais querem ser temidas
Não mais querem ser odiadas
Suas lutas são pela harmonia
Fazem do amor a maior magia



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Quase Perfeito


Entre as estrelas eu vago perdido
O coração reflete o espaço vazio
Pelo tempo que segue desmedido
Escondendo-se até do mais óbvio

Onde está minha estrela guia?
Seria ela o astro mais brilhante?
Tudo agora se faz tão distante
O vácuo não propaga a alegria

Apenas o frio pelo todo permeia
Parecem linhas de gelo feito teia
Tramada pela aranha do destino
Sendo eu sua vítima em desatino

Nas veias o sangue se congela
Nos pulmões o ar está rarefeito
Na mente uma imagem amarela
De um belo ocaso quase perfeito