domingo, 30 de setembro de 2012

Polvilho, Povinho e Gralhas

O polvilho gira a prensa
O polvilho corta o papel
E o povinho não pensa
Querem o circo e o mel
 
O polvilho gera cavalete
O polvilho prega estandarte
E o povinho quer sorvete
Não percebem essa parte
 
Não confie em umas gralhas
Que não vivem da araucária
Escute atendo as mentiralhas
E olhe por detrás da alegoria
 
O polvilho compõe o tema
O polvilho faz as bandeiras
E o povinho segue o lema
Promovendo mais besteiras
 
O polvilho leva ao rádio
O polvilho põe no jornal
E o povinho no estádio
Não enxergam esse mal
 
Não confie em umas gralhas
Que não vivem da araucária
Escute atendo as mentiralhas
E olhe por detrás da alegoria
 
O polvilho queima mais fogos
O polvilho grita mais alto
E o povinho quer mais jogos
Esquecendo-se do asfalto
 
O polvilho move mais carros
O polvilho corre mais bairros
E o povinho só quer mais festa
Indo ao futuro que não presta

Não confie em umas gralhas
Que não vivem da araucária
Escute atendo as mentiralhas
E olhe por detrás da alegoria

 

 
.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sem Frutos ou Flores

Vagando solitário
Pela praia dourada
Eterno visionário
Nunca tenho parada
 
Mais um mundo estranho
Nesta interminável jornada
Em busca de um sonho
Dentro de uma paz armada
 
Não há passos na areia
Aqui nada vivo caminha
Apenas o verde me rodeia
Fauno deixou Flora sozinha
 
Este céu belo e assustador
Nenhum olho jamais admirou
Só este humilde explorador
Vê o que ninguém jamais olhou
 
Um mundo sem frutos
Um mundo sem flores
De poucos atributos
E carente de amores
 
Mais um destino inútil
Em minha longa viagem
Mais uma lembrança útil
Em minha larga bagagem

.

domingo, 23 de setembro de 2012

Minha Paixão Ferida

Bela
Singela
Uma rosa amarela
 
Ferida
Sentida
Uma flor esquecida
 
Pela dor
Falso amor
Perdeu o calor
 
Ilusão
Falsa paixão
Fechou o coração
 
Sofreu
Quase morreu
Mas pela família viveu
 
Segue só
Trabalhando sem dó
Sem ver em meu peito um nó
 
Quero eu ter
Uma chance de ser
A cura em seu triste viver
 
Dar-lhe amor
Devolver-lhe o calor
E a alegria de viver sem dor
 
.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Amanhecer

Observo no horizonte
Um rubro tom crescente
Na face leste do monte
Ao lado da fria nascente
 
Entre nuvens douradas
Vejo mais um levante
Sob as notas cantadas
Pelas águas da fonte
 
O Astro-Rei ressurge
Nuvens se esgarçam
Um céu azul emerge
Estrelas se embaçam
 
O vento sobe o monte
Trazendo odores do vale
Um cheiro aconchegante
Envolvente como um xale
 
O frio noturno diz adeus
O orvalho desaparece
As aves tratam dos seus
Mas a coruja adormece
 
Sinto no calor da manhã
A jura de mais um lindo dia
Meus cães saem com afã
Tocando o gado que dormia
 
Mais um dia de vida
Junto a tudo que amo
Mais um dia de lida
Da qual não reclamo

domingo, 16 de setembro de 2012

Lenda Urbana

A Balada do Ano
Com gente da hora
Este era o plano
Vivendo o agora
 
Músicas eletrizantes
Muita gente bonita
Bebidas excitantes
Sensualidade irrestrita
 
Dançando
Bebendo
Beijando
Mordendo
 
Amassos
Pegadas
Esfregaços
Enconchadas
 
Feliz e distraído
Sem atenção
Um comprimido
Em leviana mão
 
Minha bebida adulterada
Sem minha permissão
Minha mente alterada
Sem saber a intenção
 
Coração acelerado
Uma ereção de doer
Por prazer desesperado
Minha pele a arder
 
Encostei-me a um pilar
Completamente ébrio
E reparei naquele olhar
Sentindo um calafrio
 
Ela veio sorridente até mim
E sussurrou em meu ouvido
Agora estas pronto enfim
E pela mão fui conduzido
 
O mundo saiu de foco
Só ela então existia
Pensei que estava maluco
Em tudo lhe obedecia
 
Em uma sala escura
Tirou-me a camisa
Beijando-me com loucura
Meus mamilos ela alisa
 
Descendo e mordiscando
Despiu-me totalmente
Meu membro abocanhando
Com um olhar sorridente
 
Eu só conseguia me mover
Quando ela me mandava
Minha consciência era só prazer
Nada mais me importava
 
Em minha pele cravava
Suas unhas douradas
Enquanto me cavalgava
Com lentas estocadas
 
O primeiro orgasmo veio
Dilacerando a realidade
Impondo um devaneio
Vencendo a gravidade
 
Sobre meu corpo ela descansa
E me ordena que a abrace
A droga ainda impõe sua força
E meus braços fazem o enlace
 
Passado alguns momentos
Uma nova ordem – vire-se
Meu corpo fez os movimentos
Continuava eu a sua mercê
 
Pela minha orelha esquerda
Começou me mordiscando
Nuca, ombros, omoplata direita
Suas pernas me roçando
 
Pela minha coluna desceu
Até ao cóccix chegar
E onde o sol nunca bateu
Ela se pós a me beijar
 
Sua língua me penetrou
E o prazer me percorreu
Minha ereção retornou
Meu corpo estremeceu
 
Minutos correram devagar
Parecendo uma eternidade
Enquanto ela ficou a brincar
Com minha maior intimidade
 
Quase no auge ela parou
Já brincamos demais com o teu
Vire-se de novo - ela ordenou
Agora vamos brincar com o meu
 
E novamente ela me cavalgou
Mais quente e apertada que antes
Um prazer intenso nos engolfou
Estávamos loucos ou delirantes
 
E o segundo orgasmo veio
Banhado em suor e lágrimas
Senti-me partindo ao meio
Mente e corpo em lástimas
 
Veio então à escuridão
Abracei o esquecimento
Vergonha e violação
Meu ultimo pensamento
 
Nu e totalmente só eu despertei
Banhado em sangue, sêmen e suor
Meu corpo de novo eu controlei
Imaginando algo a mais de pior
 
Um dia todo havia passado
Segundo meu celular
Vesti-me todo apressado
E fugi daquele lugar
 
Nunca mais aquela mulher eu vi
Nunca contei nada a ninguém
Mas algumas histórias eu ouvi
Uma lenda urbana que se mantém


.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Transporte Seráfico

Em uma rua escura
Encontrei um Serafim
Uma aura de brandura
De compaixão sem fim
 
Um desejo veio à tona
Queria ver o universo
Pedi-lhe uma carona
Mesmo sem regresso
 
Ele de pronto disse sim
O que me surpreendeu
Ao som de um clarim
O mundo desapareceu
 
Percorríamos entre estrelas
Mais rápidos do que a luz
Um universo de cores belas
Que infinitas vidas produz
 
Vi mundos naturais
De belezas supremas
E também artificiais
De engenharias extremas
 
Todos são obras divinas
Sem nenhuma distinção
Também não tem ruínas
Existe apenas renovação
 
Das palavras sagradas
Só uma me sobressai
Muitas são as moradas
Na casa de meu Pai
 
Saindo desta galáxia
Vimos centenas a mais
Uma infinidade existia
Formando sete espirais
 
Mas todas elas orbitam
Uma oitava ainda maior
Os perfeitos ali habitam
Junto a Deus em louvor
 
E o Serafim então falou
Esse é o centro da criação
Lembre-se do que olhou
E guarde em seu coração
 
Novamente ouvi um clarim
E na mesma rua voltamos
Agradeci ao belo Serafim
E juntos ao Pai louvamos
 
 
 

domingo, 9 de setembro de 2012

Submundo

Percebo sombras
Um submundo
Escusas manobras
Rodeando tudo
 
Criaturas rasteiras
Sempre na futrica
Aves carniceiras
Sobre a Res Publica
 
Dividem-se em legiões
Para disputarem o poder
Criam diversas ilusões
Para a verdade esconder
 
Engalfinham-se na praça
Mas aliam-se na masmorra
E o povo achando graça
Parecem viver em modorra
 
Ignorem as aparências
Olhem além do espetáculo
Revejam antecedências
Busquem o sustentáculo

A maior aliada da corrupção
É a preguiça dos eleitores
Aceitam o que esta à mão
Sem ver as razões interiores

Querem um mundo melhor?
Tomem a responsabilidade
Pois ele está cada vez pior
Vivemos numa temeridade


.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Imaginação

Aqueles que têm o dom da imaginação
São mensageiros que anunciam o céu
É por isso que a poesia beira a perfeição
E invejamos os pássaros que voam ao léu
 
Quem imagina intui sem cessar
Por isso prefira a intuição à razão
A razão se equivoca sem parar
Enchendo de duvidas o coração
 
Para que possas soltar a imaginação
O Reino do Pai é invisível e alado
A criação nasce sem aparente razão
E sonoro é o silêncio aprofundado
 
Para haver imaginação Deus não é o fim
Não tem aparência e não é religioso
Deus é a simetria que existe até em mim
A Imaginação é o dom mais amoroso
 
Para que a imaginação possa fluir
O “para além” cabe na palma da mão
O amor só pelo amor tu podes dividir
E nada é para sempre desde então
 
Para que a imaginação tenha altura
O Amor só se obtém se você o der
Deus não grita, sussurra com brandura
E a matéria é visível para todo ser
 
Para prover a nossa imaginação
Deus sempre viaja sem se mover
Sermos felizes é nossa condenação
E à realidade regressamos ao morrer
 
Para termos imaginação Deus criou a curva
Enamorar-se é ensaiar a vida eterna
Sem caridade a imaginação se turva
Então de a todos uma atenção fraterna
 
É tão poderosa a imaginação
Que se morreres imaginando
Tu não perceberas a transição
E continuaras eternamente imaginando

domingo, 2 de setembro de 2012

Dilacerado


 
Ainda te amo
Apesar de todo o sofrimento
Ainda te chamo
Mesmo neste padecimento
 
Minha mente me diz
Para eu me afastar
Mas o coração infeliz
Continua a te amar
 
Perdi a conta de minhas feridas
Já são tantos os desgostos
Mas a paixão não tem medidas
Vejo-te em todos os rostos
 
Sei décor sua maldade
Conheço sua perversão
Mas é maior a saudade
Paralisa o meu coração
 
Sinto-me um brinquedo
Em suas mãos tiranas
Vivo sempre com medo
De suas ações levianas
 
Este amor doentio
Minha alma dilacera
Sem você sinto frio
Contigo temo a fera
 
Como eu posso aplacar
A sede em meu coração?
Como eu posso praticar
Os conselhos da razão?
 
 
.