terça-feira, 28 de abril de 2015

Apenas Acabou


Em ruínas tudo fora feito
Tudo o que fora humano
Apenas um ato insano
Sem sequer um pleito

Um teste de possibilidade
Por fracas mãos curiosas
Sem batalhas ruidosas
Sem ódio ou iniqüidade

E enquanto a civilização morria
O tempo aliou-se à natureza
Numa bela noite estrelada e fria
Devolvendo ao mundo sua beleza

E o gênero humano definhou
Sem entender a sua realidade
Agarrando-se na sua saudade
De tudo aquilo que ele sonhou  


sábado, 25 de abril de 2015

Destino Nefando

Um destino marcado
Sangue e linhas tortas
Todo choro sufocado
Paixões e letras mortas
Nada a ser comemorado
Dores e sofrimentos
Cordel de tudo inacabado
Gritos e lamentos
Um amor amordaçado
Ao ódio alimentando
Coração despedaçado
Pulsação silenciando
Tendo o fim determinado
O tempo está minguando
Escapando o significado
Deste destino nefando



quarta-feira, 22 de abril de 2015

No Fluxo

São tantas as escolhas
São tantos os caminhos
Entre flores e espinhos
Tesouros e armadilhas
Um destino entre sonhos
Um pesadelo entre falhas
Escorrendo entre calhas
Os amores tristonhos
As trapaças canalhas
Os ódios risonhos
As alegrias das batalhas
Os trabalhos enfadonhos
A felicidade em migalhas
São escolhas e caminhos




domingo, 19 de abril de 2015

Ondas e Lembranças

Essas grandes ondas que chegam na arrebentação
Trazem lembranças que se quebram em meu peito
Reaquecendo uma velha dor que há muito eu aceito

E assim segue aos tropeços meu fustigado coração
Olhando entre céu e mar em busca de um refrigério
Apenas observando a vida com todo o seu mistério

O tempo tudo corrói menos essa minha devoção
Que por ti ainda sinto apesar de todo o sofrimento
Prendendo a minha atenção num único momento

Toda essa solidão não me trouxe a libertação
Ainda ouço a tua voz ecoando pelo azul do céu
E o sabor do oceano não me tira o gosto do fel

De costas para as montanhas busco uma solução
Para me colocar de volta na corrente da vida
Que me fora tirada no momento de tua partida


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Rascunho de Felicidade

Estive esperando pela sua voz
Dentro daquela sala iluminada
Por uma lembrança doce e dourada
Não apagada pelo tempo algoz

E ali rascunhei minha felicidade
Pode ser apenas um conto de fadas
Uma vida a dois com simplicidade
Onde estaremos sempre de mão dadas

Com sua voz meu coração se empolgou
E com coragem mergulhou feito aquela luz
Da lembrança que nos fortalece e conduz
E a um novo mundo nos arrebatou

Me leve contigo
Este é meu maior desejo
Pois teu coração está sempre comigo
Junto ao meu num eterno cortejo



domingo, 12 de abril de 2015

A Busca

É agora ou nunca
Tudo que preciso é algo verdadeiro
Uma teoria que deixe tudo por inteiro
Que ordene essa vida de espelunca

Que nenhum espaço fique em branco
Que todo encaixe seja perfeito
Selado com paz, amor e respeito
Onde o diálogo seja sempre franco

Mas tudo continua em círculos
E o futuro é uma besta desconhecida
Basta apenas uma fenda despercebida
E o caos aparece distribuindo ósculos

Estou percorrendo um caminho
Que irá drenar todo o meu calor
Em busca apenas de um amor
Para não mais estar sozinho

Se quero mudar é agora ou nunca
Não quero uma réplica perfeita
Nem sequer uma idéia rarefeita
Mas não pode haver uma trinca

Tudo que quero é algo verdadeiro
E não um conto de fadas
Onde ilusões serão dadas
Basta um coração sincero e por inteiro

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Renascimento

Na busca pelo poder
O sonho fora perdido
Entre o poder e o querer
O ideal foi corrompido

Ao alvo fora perdida tua forma
Fazendo-se dos ódios a vítima
Dando forças à união ilegítima
Que quer quebrar a boa norma

O tempo escoa pelos dedos
Congelados por tantos medos
Um retorno agora é impossível
Mas a saída só parece invisível

A paciência deve ditar o compasso
A esperança tem que apertar o laço
Sem esquecer o vigor da urgência
Sem abandonar a luz da clemência

O ideal pode ser reerguido
Um novo sonho pode ser vivido
Cortando a própria carne com coragem
Fazendo de tuas culpas uma vantagem



domingo, 5 de abril de 2015

Colheita Incerta

O céu queima em vermelhos
Reflexo de más intenções
Induzidas por meras ilusões
Criadas pelos que amam espelhos

A dúvida cresce feito erva daninha
Enquanto a esperança definha
O amor suplica por esmero
Em meio a tanto desespero

A infância é encurtada
A justiça é engessada
O bem está na clausura
Enquanto o mal se aventura

As gargantas pedem aos gritos
Pelas coisas mais erradas
Presas entre engodos e mitos
Concretizando intenções veladas

O sangue está prestes a verter
Para adubar o solo há muito inerte
Deus e o diabo estão em um flerte
Qual semente conseguirá nascer?




quarta-feira, 1 de abril de 2015

Liberdade Tem Preço

Caminho a esmo entre pensamentos
Abdicando do sentir e do sonhar
Estando apenas a respirar
Afogando sofrimentos

Um cordel de tristes recordações
Com alguns pontos a brilhar
Poucas alegrias por lembrar
Dádivas de bons corações

Mas o peso é pouco para resgatar
Toda solidão e tormento
Todo choro e lamento
Que revejo ao andar

Não há desvios neste caminho
Nem ninguém para ajudar
O preço tenho que pagar
Libertando-me sozinho