quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Fastio Vazio

Vasculho os porões da minha consciência
Buscando a paz que há muito fora perdida
Entre tantos percalços de uma vida sofrida
Sustentada apenas por trôpega resiliência

Nunca encontrei a medida da maldade
Nunca questionei a utilidade da mentira
Sempre galopando ao bel sabor da ira
Sempre tirando proveito da falsidade

Agora vejo que nada fora construído
Que fora semeado apenas o vazio
Um campo onde só floresce fastio
E onde brotou tudo fora destruído

Os meus porões refletem o meu mundo
Nada aqui eu conseguirei encontrar
Pois o vazio está semeado neste lugar
Um poço escuro que não tem mais fundo


domingo, 27 de dezembro de 2015

Tempus Fugit





























O tempo passa sorrateiro
Em meio às brumas da esperança e do desespero
Sob a luz da coragem ou na escuridão do medo
Com um mecanicismo derradeiro
Não há força que possa mudar seu rumo austero
Imponto ao mundo um destino de degredo
Sabido por todos como algo verdadeiro
Mas repudiado por todo coração sincero
Toda consciência chega nesse penedo
Sentindo como se fosse algo traiçoeiro
Conscientizando-se do quanto é efêmero
Clamando por uma mudança no enredo
Mas o tempo continua sorrateiro
Retornando tudo ao marco zero
Cobrindo a existência com seu manto de segredo
Da morte se fazendo seu mensageiro



quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Percepções

Vejo luzes frias privadas de significado
Vejo objetos com seus motivos perdidos
Vejo apenas os interesses do mercado
Vejo uma grande gama de seres iludidos

Ouço orações ditas sem nenhuma fé
Ouço canções sem qualquer emoção
Ouço boas palavras ao sabor da maré
Ouço aquilo que não vem do coração

Sinto saudades destes dias no passado
Sinto falta dos que me foram tão caros
Sinto não poder recuperar esse legado
Sinto que esses sentimentos são raros

Falo apenas aquilo que estou vendo
Falo tão somente o que vou ouvindo
Falo de tudo que estamos perdendo
Falo só sobre o que estou sentindo


domingo, 20 de dezembro de 2015

O Caminho das Pedras





























A felicidade não se encontra ao final da trilha
Ela está em cada detalhe à beira do caminho
Nas pessoas com as quais você a compartilha
E em cada gesto dado e recebido com carinho

 Seja sempre você respeitando a si mesmo
Se não serve a você não deseje a outros
O mal só pode abordar quem vive a esmo
Favorecem os fortes os que ficam neutros

Viva cada um de seus dias como se o último fosse
Planeje a sua vida como se ela nunca tivesse fim
Vise equilíbrio ou alternância entre amargo e doce
Cuide dos amigos como se cuidasse de um jardim

Apóie sua fé no amor evitando todo fanatismo
Curar a dor alheia é o melhor dos antálgicos
Procure pela magia, mas não pelo misticismo
Deus prefere os corações aos templos góticos




quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sonhos e Asas

Os meus poucos sonhos de criança
São desenhos que não perdem a cor
Interligados com a minha esperança
De um futuro repleto de paz e amor

Olhando para esse céu tão brilhante
Feito em tons de azul intermináveis
Onde a minha liberdade é constante
Pois eu conquistei asas incansáveis

Quero ir além do horizonte que vejo
Quero estar com aqueles que amo
Poder superar o meu maior desejo
E realizar o sonho pelo qual clamo

Minha imaginação é o meu limite
Minha fé é o que me impulsiona
Minha coragem é o meu convite
E ao destino ela não se flexiona



  

domingo, 13 de dezembro de 2015

Uma Fria Jornada



Saí em busca de ti adentrando a solidão
Uma solidão que congelava até chamas
Guiado só pela saudade em meu coração
E movido pelo elo entre as nossas almas

Queria apenas aquecer-te com meu amor
Queria ver o brilho dos meus olhos nos teus
Queria apenas livrar-te de toda essa dor
Queria guardar-te em meio aos braços meus

Ouço uma oração em trêmulas palavras
Vejo as juras dos fracos desaparecerem
Seguindo o destino criado em suas lavras
Vejo-os no destino do mundo se perderem

Aqueles que se expressam constantemente
Estarão sempre protegidos durante o sono
Sendo assim eu ando e oro continuamente
Para que eu possa te tirar deste abandono



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Lamentos da Mãe Terra


Eu sofro com a tua inconseqüência
Feri-me mortalmente a tua ganância
Tu sabes, mas segues com eloqüência
Exercitando toda a tua repugnância

Consomes muito além do necessário
E ainda negas o básico a ti mesmo
Vivendo alguns poucos em suntuário
Enquanto milhares morrem a esmo

Já não suporto o peso dos teus pecados
Já não dou conta da pressão de tua ânsia
Já perdi a conta dos seres sacrificados
Já não sustento mais vida em abundância

Sinto que é chegada a hora de um basta
Sinto que devo refrear a tua arrogância
Cobrarei a conta de tua mais alta casta
E reconstruirei toda a minha exuberância




domingo, 6 de dezembro de 2015

Insurgentes

Em suas ânsias pelo poder
Eles não ouvem lamentos
Pensando apenas em ter
Espalham só sofrimentos

Os nervos estão expostos totalmente
E a dor da nação agora é excruciante
Velhos hábitos defendidos ferozmente
Ignorando o grito que está no levante

A revolução há muito fora semeada
E o tempo da colheita nos avizinha
A lama pelo sangue será salpicada
No rastro da mudança que caminha

Os vivos terão inveja dos mortos
Os tolos chorarão suas decisões
Executados serão todos os tortos
Pois ninguém cuidará de prisões



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Luxúria

Entreguei-me à tua lascívia
Submeti-me aos teus caprichos
Desde uma simples pívia
Ao mais recôndito dos nichos

Nenhum obstáculo viste
Nenhum não foi audível
Tudo o que quis, sentiste
O banal e o imprevisível

Não primaste pela estética
Não buscaste pela beleza
Só a força da mecânica
A suavidade e a rijeza

Os fluidos se misturaram
Na escuridão entre sedas
E os odores combinaram
Sob prazeres em medas




domingo, 29 de novembro de 2015

Corrompidos

Eu vejo seres petulantes
Orgulhosos de seus vícios
Exibindo olhares triunfantes
Impondo aos irmãos suplícios
 
Por seus segredos corrompidos
Jamais sentem o próprio fedor
Pela ganância são impelidos
Provocando ainda mais terror

A moralidade foi distorcida
A complacência, incentivada
A consciência está adormecida
Pautam-se numa ética depravada

A morte sempre lhes ronda as vidas
Tal e qual uma negra ave de rapina
Colhendo as almas por eles feridas
Terminando em ódio toda essa sina



terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Torre


Eu sinto o cheiro do vento norte
Anunciando grande tempestade
Ele vem carregando dor e morte
Sem um único pingo de piedade

A roda da vida gira veloz
A mudança será profunda
Gerando sofrimento atroz
Um só destino feito rotunda

Não haverá clemência
Não haverá compaixão
Resgate e consciência
Cada dívida é uma lição

Em meio a tantos pecadores
Também cobrarão os inocentes
Coalhados entre os sofredores
Haverá vingadores indecentes






domingo, 22 de novembro de 2015

Sobrevida

A vida por um fio
No fio da navalha
O tempo é desafio
O erro é a fornalha

Uma luta sem sentido
Um destino ignorado
Um mundo ressentido
O sistema ameaçado

Com o sangue dos irmãos
Escorrendo entre as mãos
Pelo ódio cultivado
O caos é calculado

A revolução plantada
Terá que ser colhida
A história será contada
Por quem tiver sobrevida




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Alma Carcomida

Não serei eu a dizer a verdade
Não serei eu a apontar os erros
Já me cansei desta tua vaidade
Já não suporto teus tolos aferros


Perdidos foram todos os apreços
Esquecidas estão nossas alegrias
Não serei vítima de teus apressos
Não engolirei mais as tuas ironias

Os acertos não compensam as dores
Os sorrisos não suplantam as lágrimas
No passado ficaram todos os amores
Hoje já não cicatrizam mais as lástimas

Parto agora sem ter noção de destino
Deixo estas palavras como despedida
Talvez tu penses que seja só desatino
Mas é o basta de minh’alma carcomida


domingo, 15 de novembro de 2015

Mar de Lama



Ela escorre como uma vil assassina
Pelos vãos dos dedos da ganância
Provocando um rastro de carnificina
Transformando o belo em repugnância

O festim da morte é extenso
Com a sede e a fome ela dança
Contrariando todo o bom senso
Trocam a justiça pela vingança

O rio já não faz mais jus ao seu nome
Pois de suas águas lhe roubaram o doce
O futuro é uma dúvida que nos consome
Todos os frutos de uma cobiça feroce

Uma grande Vale de ganância
O que já foi orgulho hoje nos fere
Um grande poço de ignorância
No mar de lama nada nos difere



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Jornada Inglória



Percorri os mares para te encontrar
Sem esperar nada em porto algum
Tendo apenas esperança a me guiar
Sem me importar com o incomum

Mas nada eu obtive de você
Penso que fora tragada pelo mundo
Ou que se esconde sem um porquê
Em algum perdido lugar profundo

Olho inquisitivo para a lua cheia
E ela afirma não poder mais te ver
E mesmo o vento que tudo permeia
Nunca mais conseguiu te perceber

Até mesmo a morte eu questionei
Mas ela jura que ainda não te levou
Já não sei mais para onde irei
Para reaver o coração que me roubou


domingo, 8 de novembro de 2015

Atirador de Elite

O tempo ruge
Ressurge
Acima
Embaixo
Abaixo
Encima
A mira ensina
A sina assassina
E contamina
Com sangue
A menina
A gangue
Inocência perdida
Incoerência esculpida
Violência sem razão
Justiça sem visão
Cobiça e persuasão
Sem emoção
Sem motivo
Apenas instrução
Objeto e objetivo
Alvo e missão



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sem Resposta




Perguntei à Lua Nova refletida no oceano
Onde estaria meu verdadeiro amor
Por que continuo só com tanta dor
Quase às vésperas de mais um final de ano

Ouvi apenas o ronronar das ondas
Na companhia do sussurro dos ventos
Tão indiferentes aos meus tormentos
Com a solidão me fazendo rondas

Perguntei então para as estrelas
Onde estaria meu amor verdadeiro
Que curaria meu coração por inteiro
Livrando-me de todas as mazelas

Mas elas apenas cintilaram
Fazendo-me sentir a frieza do espaço
Deixando a minha alma em cansaço
E os anos de solidão me pesaram




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Indústria da Guerra

Ferido o peito o sangue escorre
Entretanto a morte não te ocorre
Segues na luta privado de emoção
Pois paralisado está teu coração
 
O objetivo há muito está esquecido
E o motivo no passado foi perdido
A guerra é apenas uma obrigação
Uma torpe rotina de autoflagelação

A vitória tornou-se um sonho distante
Sendo a paz mera utopia navegante
Um acordo virou o ato mais temerário
Com o capital impondo seu corolário

O teu nome fora trocado por patente
Existindo numa estatística demente
Ocultando para sempre a real razão
Mesmo ela estando sob a tua visão



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Novos Passos

Liberto das amarras do mundo
Seguindo um destino desejado
Vivendo cada fato tão profundo
Abraçando o que é inesperado

Sem vontade de olhar para trás
Desnecessário rever o passado
Mais nada lá pode ser alterado
O que foi bom ou ruim, tanto faz

Quero apenas olhar o horizonte
Seja ele sereno ou tempestuoso
Belo levante ou ocaso tenebroso
Pois eu já venci meu Aqueronte

Quero ver detrás da montanha
Saborear o rio após cada curva
Saber com que a ciência sonha
Descobrir aonde o mar se turva



domingo, 25 de outubro de 2015

Estranhos Cultivos

O medo planta a semente da desconfiança
E em seu seio brota a árvore da discórdia
De onde florescem o conflito e a vingança
Frutificando ódio cuja colheita não é tardia

A ignorância verte a semente da intolerância
E em seu seio emerge a árvore da violência
Em cuja vasta copa a desídia alastra em flor
E frutos de genocídio são colhidos com dor

A ganância lança a semente do poder
Donde germina a árvore da corrupção
Cujas flores são a mentira e a ilusão
Traição e solidão são os frutos a colher





quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Muitas Palavras


Eu já enviei muitas palavras
Por meio de um vento nítido
Todas são de minhas lavras
Sobras dum coração partido

Algumas falam de esperança
Já outras de fatos verídicos
De juras de amor e confiança
Ou de pensamentos fatídicos

Relatos de dias tão felizes
Ou de saudades dolorosas
Sonhos de vários matizes
Até de loucuras imperiosas

Mas eram apenas palavras
Foi tudo que o vento levou
Pois o suor de minhas lavras
Só o tempo se encarregou




domingo, 18 de outubro de 2015

Sempre a Vagar

Lembro que estive a te procurar
Vagando por entre meus sonhos
Repleto de mundos tão estranhos
Sem jamais conseguir te encontrar

Apesar de tu estares aqui agora
Teus olhos aquecem minha tristeza
Estes poços tão profundos de frieza
Parece que a tua alma foi embora

Então sigo com saudades do outrora
Tornando-me a cada dia mais forte
Buscando dar a minha vida o Norte
Para encontrar a felicidade na aurora

E em meus sonhos continuo a vagar
Procurando em vão pela tua alma
Mantendo meu coração em calma
Assim a saudade não irá me afogar