domingo, 30 de agosto de 2015

Legião Útil

Eles seguem a Estrela da Manhã
Estão de olhos abertos, mas cegos
Sentem-se parte de um sagrado clã
Mas são uma horda de sacrílegos

Saudosos de um passado negro
Que a ignorância tornou dourado
Flertam com o espírito focinegro
Que muito custou a ser derrotado

Carregam consigo os inocentes
Com apoio duma legião nefasta
Que para um fundo poço arrasta
Todas as nações independentes

Moldam a realidade com o medo
Renegam o óbvio com fanatismo
Impondo a tudo o maniqueísmo
Tornando progresso em degredo


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Contigo é Possível

Nos sonhos de um dia sombrio
Eu ouvi o grito que não ecoou
E do meu velho eu nada restou
Tornando o amanhã um desafio
 
Mas o velho desejo não se desfez
Eu tenho nas mãos os fragmentos
E um coração repleto de tormentos
Vagando pela noite com insensatez

Sei que não posso contar com alguém
E caso aconteça foi algo que não pedi
Porém eu sinto tua presença por aqui
Como uma luz que esperança contém

O meu corpo frio só tu podes aquecer
E também descongelar os sentimentos
Todo o impossível ganha movimentos
De mãos dadas nós faremos acontecer





sábado, 22 de agosto de 2015

Presságios

Meu coração pressente
Um desespero iminente
Que me faz buscar a ti
Sem saber o que senti

Quando nada mais importa
Somente tu me fazes sorrir
Tua presença me conforta
Me encorajas a ver o porvir

Vozes abandonadas no tempo
Sussurram palavras esquecidas
Num mundo quase sem alento
Onde memórias são carcomidas

Um claro e brilhante futuro
É a nossa única esperança
Em um orbe ainda criança
Neste vasto universo escuro


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Febre No Olhar


Eu vejo o calor em teu olhar
Uma febre que arde sem cura
Levando a razão para ruptura
Que em silêncio te faz gritar

Segues calando o teu desejo
Impregnando amor com medo
Tornando a vida um arremedo
Sem saber o quanto te almejo

Por que tu desvias teu olhar?
Deixa-o encontrar com o meu
E notarás quanto quero ser teu
Com a mesma febre a queimar

Não a necessidade de entender
Se é só desejo ou nosso destino
Apenas vivamos este desatino
E tudo mais que possa acontecer


  

sábado, 15 de agosto de 2015

O Condenado

Eu clamei ao infinito céu
Eu orei para cada estrela
Mas do mundo virei réu
Acabando em uma cela

Uma prisão sem paredes
Um cárcere sem grilhões
Só necessidades e sedes
Apenas torturas e ilusões

Um julgamento sem crime
Uma punição sem causa
Ou alguém que me redime
Sequer um alívio ou pausa

Acompanhado da solidão
As estrelas eu ainda rogo
Que revoguem esta prisão
Onde caí sem um prólogo



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Pistolão

Ele tem medo desta luz
Ele foge desta revelação
Ao passado se conduz
Esquiva-se na escuridão

Teme perder aquilo que não tem
Deseja tudo que não lhe é devido
Não quer o que do mundo provém
Sua satisfação advém do proibido

Seu maior passatempo é a intriga
Faz do crime o seu melhor legado
Não sabe o que é uma mão amiga
De conluios seu mundo é moldado

Arrasta os tolos para a escuridão
Alimentando as sedes pelo poder
Sempre duplicando toda maldição
Só sente paz ao ver o mundo arder




domingo, 9 de agosto de 2015

Amor Abandonado

Caminhando sempre a frente
Eu não fui capaz de perceber
Que aos poucos, lentamente
De ti terminei por me perder

Ficaste no tempo e no espaço
Em algum recanto do passado
Vítima de meu tolo compasso
Por um objetivo mal traçado

Minha ânsia por conquista
Mascarou a tua ausência
Buscando estar na crista
Eu perdi a minha essência

Agora sigo na minha solidão
Com medo de olhar para trás
Pois se eu mudar de direção
Sentirei a dor que tua falta faz



quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A Flor do Desejo


Ela nasceu em meu coração
Sem um aviso ou permissão
Fincando profundas raízes
Florindo em vários matizes

Seu perfume tomou minha alma
A minha mente perdeu a calma
Meus olhos foram escravizados
Meus ouvidos foram apurados

Caminho sempre à procura
E cada falha é uma tortura
Pois a solidão me percorre
E a esperança nunca morre

Quando eu te verei novamente?
Como plantaste essa semente?
Tu tens a mesma necessidade?
Ou sofro só com essa vontade?


domingo, 2 de agosto de 2015

Encruzilhada

Um acalentado sonho se esfarela
Em algum ponto além do horizonte
Fora vítima e réu de uma tola querela
Transmutado por medo em Aqueronte

Medo alimentado por fome de poder
Daqueles que jamais o deveriam ter
Que distribuem ignorância por ração
Para manter como feudo uma nação

Onde está tua coragem para a guerra?
Adquiriste medo de ver nosso sangue?
Faze tremer o chão de toda essa terra
E descobrirás que o inimigo é exangue

Lança mão do tão aclamado artigo
Ele é tua espada fincada na pedra
Com ela deceparás este flagelo antigo
E te tornarás a figura que nos medra