sábado, 28 de setembro de 2013

Ódio Oculto

Ósmios tu tens no lugar dos olhos
Diásporas de um coração moribundo
Ignóbil alma apegada em restolhos
Ocultando o ódio bem lá no fundo

Ofusca-te a felicidade alheia
Cultivas destruição como frutos
Uma inveja sem fim te apeia
Litigando com todos os atributos
Toda a falsidade te permeia
Ocultando o ódio até dos astutos




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Abismo da Alma

A tristeza cai feito chuva
No profundo vazio de minha alma
Formando uma poça turva
Que reflete minha dor sem forma

Ela não olha nos meus olhos
Ela não escuta meus lamentos
Alimenta-se de meus sofrimentos
Aprisionando-me sem ferrolhos

Paredes polidas de saudade
Untadas pelo óleo da traição
Construídas por tua maldade
Alicerçadas na minha ilusão

No céu já não existem mais estrelas
O vento fala apenas de solidão
Soprando as brasas das mazelas
Que ainda queimam em meu coração

Mesmo encharcado pela tristeza
Não quero mais sofrer amiúde
Buscarei nos versos a beleza
Resgatarei a felicidade do ataúde




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sábado, 21 de setembro de 2013

Catadores

Eles vagueiam em busca de pão
Eles vagueiam em busca do amanhã
Levam a esperança no coração
Vivem com a teimosia de um titã

Despertam o nojo dos ignorantes
Coletam o desperdício dos displicentes
Na sociedade são meros figurantes
Sempre vítimas dos prepotentes

O trabalho que fazem não tem preço
O valor que recebem é humilhante
Explorados pelos que tem endereço
Resistem num estado degradante

Do lixo retiram seus parcos luxos
De partes tentam fazer um todo
Políticos os vêem como refluxos
Votos comprados pelo engodo

Eles tem o dia para vaguear
Eles tem a noite para pensar
Querem chegar a algum lugar
Mas isolados irão apenas vegetar



domingo, 15 de setembro de 2013

Refugiado Da Ilusão

Tudo ficou para traz no tempo
Perdido em algum lugar no espaço
E a saudade ganhou campo
Em meu coração sem compasso

Queria poder voltar ao momento
Em que cortamos nossos laços
Para rever-te sem esse sofrimento
Para tocar-lhe sem embaraços

Perdi ao amor mas fiquei com o sentimento
Perdi ao calor mas fiquei com o fogo
Sobrou-me o desejo mas sem o alento
Sobrou-me a palavra mas sem o dialogo

A saudade segue meus passos
A loucura espreita pelos cantos
A solidão completa os espaços
A dor secou-me os prantos

Num lugar esqueci a esperança
Em outro abandonei a razão
Vivendo apenas da lembrança
Refugiado dentro da ilusão




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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Fone de Ouvido


Navego em suas ondas
Sem norte ou objetivo
Esquecendo-me das rondas
De um destino obsessivo

A mente a flutuar
Em meu mar de problemas
Para que se preocupar?
São apenas dilemas

Descanso em seus braços
Carícias em diversos ritmos
Ignorando o tempo sem embaraços
Pois seus desmandos são ilegítimos

Ó música, venha me acalentar
Coloque meu foco no vazio
Espere lá fora o que tenho de enfrentar
Enquanto desfruto esse saudável vício

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sábado, 7 de setembro de 2013

Curvas e Dunas


Em minhas palavras tropecei
O que emergiu de meu coração não chegou na boca
Seu coração eu magoei
Ao ponto de deixar a minha vida oca

Peço desculpas, pois errei
Por medo desta paixão tão louca
Sem teu amor não mais viverei
Apenas existir agora é coisa pouca

Deixe-me mergulhar na sua pele
Preciso respirar seu hálito
O desejo agora me compele
Amar-te virou um hábito

Quero perder-me em suas curvas
Quero vagar entre suas dunas
Sentir o doce de sua boca
Preenchendo então minha vida oca


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vivendo no Vazio

De minha vida eis um retrato
Minimalista
Simplista
Realista

Apenas uma medida
Sem emoção
Interação
Ou solução

Existe mas está vazia
Atrofiada
Não usada
Inanimada

O desespero já passou
Aceitação
Conformação
Sem ilusão

A coragem nada mudou
Padecimentos
Tormentos
Lamentos

Apenas o vazio ficou
Sem amor
Torpor
Ou dor


Caros leitores de Poesias Amadoras.
Este texto foi mais um desafio da comunidade “Caderno de Rascunhos” do Google+: Escrever um texto tendo por base a imagem acima.
Segue abaixo os textos de outros escritores da comunidade.


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domingo, 1 de setembro de 2013

Natureza Fúnebre

Ela floresceu ali na guia
No vão de uma pedra fria
Enquanto o sol se erguia
Numa madrugada sombria

Um ponto de cor no cinza
Na cidade totalmente vazia
De um povo velho e ranzinza
Que a dias não mais existia

A primeira a fincar raízes
Na velha selva de pedra
Cheia de mortos infelizes
Ocupando a inútil êxedra

Não há olhos para vê-la
Ninguém sentirá seu perfume
Uma homenagem singela
Da natureza incólume

Foram tragados pela guerra
Numa batalha sem nome
Por inimigos de outra Terra
Que de ódio tinham fome



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