domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ácida Saudade



O frio da chuva lá fora me lembra do teu calor
Das pontas de teus dedos em minhas orelhas
Do meu respirar mais lento para sentir teu odor

Já não tenho noção do tempo dessa solidão
Parece que a saudade consumiu os ponteiros
E o mundo parou quando eu soltei a tua mão


Apenas o som da chuva impregna o ar agora
Fazendo-me esquecer o som da tua respiração
E meu coração nunca mais sentiu uma aurora

O frio da chuva lá fora a minha pele arrepia
Lembrando-me daqueles que nós sentíamos
Compartilhando nosso calor numa noite fria




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Inação


Assisto o encurtar dos dias
Ao atropelo das horas frias
Tão alheias a desejos tolos
Tão ágeis em cometer dolos

Logo a escuridão imperará
E um medo metálico surgirá
Levando o fel para as bocas
Alimentando iras tão loucas

Nenhum local será seguro
Não haverá mais um futuro
O mundo todo será condenado
E aceitará esse fim bem calado

Pois no começo nada foi feito
E o que era torto ficou direito
E agora já esta tarde para agir
A própria esperança está a ruir



domingo, 21 de fevereiro de 2016

Por Entre Estrelas



Queria eu realizar apenas um desejo
Eternizar-me dentro de teu coração
Sem me importar com a escuridão
Pois a tua alma tem a luz que almejo

Quando estou observando as estrelas
Sei que estás olhando o mesmo céu
Assim como eu em algum lugar ao léu
Esquecendo-te de todas as mazelas

Somente dentro de teu coração
É que o meu sorriso renascerá
E a minha tristeza curar-se-á
Livrando-me de vez da solidão

Permita Deus que nossos fardos se esvaiam
Para num verdadeiro amor nos encontrarmos
E então juntos pela eternidade toda viajarmos
Por entre essas estrelas que também nos viam




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Não Mais


Ele já consegue dormir em paz
Suas emoções ele já cicatrizou
Sente-se só, mas mal não faz
Por mero capricho ele se isolou

Na irresponsabilidade se consumia
Agora o que pensa está camuflado
Para cada passo há uma garantia
Seu ego já não está mais inflado

Ele já consegue ficar sem respirar
Ele consegue não chamar atenção
O seu instinto ele já pode controlar
Mentiras não lhe afetam o coração

As bestas selvagens e os cordeiros
Só resistem ao assumirem quem são
Ele já não se perde em devaneios
Ele já não teme mais a escuridão



domingo, 14 de fevereiro de 2016

Final Desejado

As trombetas hoje soaram
Para o alívio de todos
Que sofrendo esperaram
Pelo fim dos engodos

Tão grande é a culpa
Tão pesado é o fardo
Não há mais desculpa
O perdão foi ignorado

Eles aguardam abraçados
Pelo divino julgamento
Eles até choram aliviados
Pelo final do tormento

Pela culpa o medo fora superado
O Terror sobrepujou toda a prece
Sendo o fim do mundo desejado
A humanidade em silêncio perece



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Verum Brasiliae

És tu uma estranha nação
Plena de heróis medíocres
Fabricados sem comoção
Para esconder vigarices

Tens uma legião de fanáticos
Regida por falsos profetas
Que por dinheiro são lunáticos
E professam palavras abjetas

És profícua em rainhas e reis
Sem nenhuma majestade
Que se colocam acima das leis
Cultivando promiscuidade

Desleixada com teu futuro
Esquecida de teu passado
Fizeste da riqueza mau agouro
Fizeste do medo teu legado



domingo, 7 de fevereiro de 2016

Alienado


Não entendo teus motivos
Não compreendo tua lógica
Tua metodologia tão estóica
Teus inalcançáveis objetivos

Tuas ações não geram resultados
Teus atos carecem de sentidos
Proferes só discursos indefinidos
Para os ouvintes mal informados

São tantas lutas sem um alvo
São tantas bandeiras vadias
Ecoando em mentes vazias
Que só querem ficar a salvo

Tão sem noção das ameaças
Tão distante da realidade
Existindo só por caridade
Dos que moldam as mordaças




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Dor


Ela escraviza toda minha alma
Coloca minha mente em volteios
Provocando os mais vis devaneios
Tudo que quero é um dia de calma

Um parasita em minha existência
Colocando minha força à prova
Em tudo que faço me estorva
Segue minando minha resistência

Nunca escolhe a ocasião
Entorpecendo o meu dia
Tornando minha pele fria
Dilacerando meu coração

Parece perseguir o meu sangue
Pulsando em cada artéria e veia
Por carne e ossos ela permeia
Deixando minha vida exangue