Poema em comemoração aos 50 anos de criação do Parque Estadual de Porto
Ferreira
(Mata do Procópio).
Eu não tenho voz
Eu não articulo nada
Mas está noite uma voz me é emprestada
Então não perderei tempo me apresentando
Cada um aqui presente me conhece
Eu vivo entre a estrada e o rio que padece
Já dominei toda está região
Para além de onde a vista humana alcança
Mas seus antepassados vieram e fizeram uma matança
Por isso vivo confinada
Mas não estou em busca de vingança
Quero apenas a chance de viver com esperança
Hoje sou pequena
Mas a força da criação ainda esta comigo
Na ausência vossa eu crescerei destruindo vosso mundo antigo
Não me entendas mal
Não quero ao vosso fim
Alegra-me vossa presença junto a mim
Quero vossa parceria
Pois vocês precisam da minha ajuda
Para que a terra novamente volte a ser fecunda
Deixem-me ir além do parque
Deixem-me voltar a ser a ciliar deste rio amado
Abraçar novamente ao Mogi e seus filhos como no passado
Deixem-me enfeitar os jardins de Porto
Sombrear suas calçadas e quintais
Margear a Anhanguera e muitas rodovias mais
Venham saborear meus frutos
Clonar minhas filhas e dispersar minhas sementes
E talvez até achar remédios para os males de corpos e mentes
Deixem-me doar a vida
Ser o lar de seus irmãos em extinção
Curar as feridas da terra que explorastes sem compaixão
Deixem-me respirar
Para que vocês também possam respirar
Nesta parceira todos nós só teremos a ganhar
E se um dia vocês partirem
Para as estrelas conquistarem
Eu ficarei aqui cuidando dos que ficarem
Mas se quiserem a minha ajuda
Para terraformar novas orbes e criar novos lares
Com prazer eu cruzarei convosco os vazios estelares
Anfiteatro Municipal Esaltino
Casemiro – Porto Ferreira SP – 28 de Novembro de 2012.