Com amantes imaginários
E sonhos molhados em solidão
Todos rabiscados em diários
Degusta o próprio mal humor
Como se fosse Vinho do Porto
Planta o fel com muito louvor
Depois se diz vítima do horto
Se a luz penetra seu mundo
Põe dentes e garras em riste
Sempre cavando mais fundo
Cultuando uma áurea triste
Apenas o pior de si enxerga
E também o pior do mundo
A toda esperança renega
Maculando tudo bem fundo
Nada cresce em sua sombra
Seu beijo é sempre de morte
Põe tudo sobre a alfombra
No lado escuro da sorte