quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Possessão

Acordei assustado no meio da noite
Com uma sensação esquisita
Como se tivesse recebido um açoite
De uma chibata inaudita.

Quis então me mover
Mas ai surgiu o horror.
Eu não pude me mexer
Era muito assustador.

Procurei sentir meus membros
Mas não percebi nenhuma amarra.
Dedos, pés, pescoço e ombros,
Fixos na cama de uma forma bizarra.

Então tentei com força gritar
Mas não consegui mexer os lábios.
Eu podia apenas sussurrar
Por entre os dentes serrados.

Foi então que vi uma pessoa estranha,
Que sobre o guarda-roupa estava sentada.
E julguei que essa bizarra artimanha,
Deve ter sido por ela orquestrada.

Mas como ela entrou em minha casa?
E como tudo em volta eu enxergava?
A lâmpada no teto não estava acesa,
Mas uma luz pálida a tudo clareava.

O estranho estava sentado
Abraçando as próprias pernas.
O queixo nos joelhos apoiado,
Olhos escuros como duas cisternas.

Quanto mais força eu fazia
Maior ficava o meu terror.
Mas nem um dedo eu mexia,
Meu corpo continuava em torpor.

Então o estranho se mexeu.
De quatro ele andou.
E nessa posição do móvel desceu,
A gravidade ele desafiou.

Eu olhava completamente apavorado
Para aquela manobra impossível.
Com meu coração disparado
E o corpo preso pelo invisível.
  
E conforme ele descia
Eu já não mais podia vê-lo.
Foram minutos de agonia,
Vivendo esse pesadelo.

Então aos pés da minha cama
A cabeça da criatura brotou.
E com uma mão fria como lama,
Minha canela esquerda ele pegou.

Depois também à direita ele prendeu,
E sobre minhas pernas se apoiou.
Fazendo força o quadril ele ergueu
E os joelhos sobre a cama colocou.

Mais uma vez andando de quatro
Sobre meu corpo ele foi avançando.
Eu implorava a Deus o fim deste teatro,
Mas nem parecia que eu estava orando.

Quando ele chegou à altura de meu peito,
Com as mãos segurou meus pulsos e sorriu.
E após esse insano e macabro feito,
Minha boca sem meu controle se abriu.

Neste ponto meu pânico era total,
Meu coração batia em meus ouvidos.
Mas apesar do esforço descomunal,
Meus comandos ao corpo não eram obedecidos.

Então a cena a muito bizarra,
Ultrapassou do absurdo o limite.
A criatura abriu uma imensa bocarra,
E foi soltando uma nevoa grafite.

A nevoa deixou a face da criatura encoberta,
Ao Desenhar uma perfeita espiral no ar.
Depois apontou para minha boca aberta
E começou lentamente a baixar.

uando já estava perdendo a esperança,

Vendo aquela nevoa macabra avançar.
Senti no queixo um toque macio, mas com força,
Que lentamente, fez minha boca fechar.

A assim que minha boca se fechou
Uma forte luz branca surgiu.
Que por um momento me cegou
E meu corpo finalmente reagiu.

Eu saltei da cama em desespero,
E comecei finalmente a gritar.
Mas alguém me sacudia por inteiro,
E falava em voz baixa para me acalmar.

Percebi então que a luz estava acesa,
E que minha mãe pelos ombros me segurava.
E ela falava baixo, mas com muita certeza,
Que tive um pesadelo enquanto roncava.

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